sábado, 14 de outubro de 2023

SOFRER DE TODOS E NÃO FAZER NINGUÉM SOFRER


É uma regra de ouro da caridade cristã. Neste mundo nunca estamos sem alguma cruz, e cruz que nos vem do próximo. As desigualdades de gênio, condição, educação e caráter, geram mil aborrecimentos, mal-entendidos, questiúnculas e muitos outros males torturantes para o nosso espírito e que tanto nos afligem o coração… Paciência, alma cristã! Não convém acrescentar nova dor a outra dor. A perturbação, a impaciência, a vingança, aumentam o peso daquela cruz. Resignemo-nos ao ato heroico de “sofrer de todos e não fazer ninguém sofrer”. Assim dizia um santo:

“Não prejudicar a ninguém e fazer o bem a todos” –  Nemini! Obesse, omnibus prodesse

O perdão é um bálsamo suave. Alivia a quem sofre a injúria, consola o Coração de Jesus e costuma ligar os corações, desunidos pelo ódio com laços de uma estreita amizade. Soframos do próximo que nos aborrece, tudo o que Nosso Senhor permitir que ele nos faça, vendo nele o instrumento da Justiça Divina a castigar-nos de nossos pecados e infidelidades. Suportemos os defeitos alheios, porque também os temos, ignorando, talvez, quanto estes custam ao próximo. São Paulo quer que nos ajudemos mutuamente a carregar o pesado fardo da vida – Alter alterius onera portate. Só conseguiremos isto, praticando aquela regra de ouro:

“Sofrer de todos e não fazer sofrer a ninguém”.

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Maria Sempre

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FONTE: BRANDÃO, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 309.

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Sobre a obra: O Breviário da Confiança varia de página a página, porque variadas são as dores e amarguras desta pobre vida [...] É uma palavrinha amiga para cada dia, uma gota de bálsamo para feridas que a vida nos vai abrindo também cada dia no pobre coração.

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

PEQUENA COROA DE NOSSA SENHORA DAS DORES

 
Nossa Senhora das Dores (Ícone milagroso de Campocavallo, Itália).

1. Coroa das Sete Dores de Maria
 
(Pode-se rezar uma dor por dia ou escolher um ou mais dias da semana para rezar a coroa integralmente, se o tempo não permitir que se rezem as sete diariamente) 

V. Deus, vinde em meu auxílio. 

R. Senhor, apressai-vos em me socorrer. Glória ao Pai... 

Estrofe: Na morte de Jesus, fazei que, em vossas dores, Meu coração vos acompanhe, ó Mãe dos pecadores.

1ª Dor. Ó Mãe das Dores, sofro convosco a dor da primeira espada que vos transpassou, quando Simeão profetizou no Templo todos os ultrajes que os homens infligiriam ao vosso amado Jesus, e que vós já conhecíeis pelas Sagradas Escrituras. Ultrajes que iriam matá-lO diante dos vossos olhos, pendurado em um madeiro infame, exaurido de seu sangue, abandonado por todos os homens, sem que vós pudésseis defendê-lO nem socorrê-lO. Eu vos rogo, então, minha Rainha, por esse conhecimento amargo que durante tantos anos afligiu vosso coração, que me alcanceis a graça de conservar impressas em meu coração, durante a minha vida e na hora de minha morte, a Paixão de Jesus e vossas dores. 

1 Pai-Nosso, 7 Ave-Marias, Gloria e a estrofe (repetem-se essas orações no final de cada dor)

2ª Dor. Ó Mãe das Dores, sofro convosco a dor da segunda espada que transpassou o vosso coração, quando vistes o vosso Filho inocente, recém-nascido, ameaçado de morte pelos próprios homens que Ele veio salvar, de modo que tivestes que fugir de noite, secretamente, para o Egito. Por todas as penas que vós, Virgem delicada, sofrestes na companhia de vosso Filho exilado durante tão longa e cansativa viagem através de caminhos selvagens e hostis, e durante vossa residência no Egito, onde desconhecida e estrangeira, vivestes tantos anos na pobreza e no desprezo; eu vos rogo, minha amada Soberana, que me obtenhais a graça de suportar com paciência até a morte, em vossa companhia, as aflições dessa vida miserável, a fim de que possa, na outra vida, escapar das punições eternas do inferno que mereci sofrer. 

1 Pai-Nosso, 7 Ave-Maria, Glória e a estrofe. 

3ª Dor. Ó, Mãe das Dores, sofro convosco a dor da terceira espada que transpassou o vosso coração, quando perdestes vosso caro Filho, Jesus, que permaneceu três dias em Jerusalém longe de vós. Posso imaginar, minha Rainha amada, que, não vendo mais o vosso Amor ao vosso lado e ignorando a causa de seu afastamento, vós não repousastes naquelas noites e que suspirastes por Aquele que era todo o vosso bem. Pelos suspiros desses três dias, para vós muito longos e amargos, vos rogo que me obtenhais a graça de jamais perder meu Deus, a fim de que eu viva sempre e morra unido a Ele. 

1 Pai-Nosso, 7 Ave-Maria, Glória e a estrofe.

4ª Dor. Ó, Mãe das Dores, sofro convosco a dor da quarta espada que transpassou o vosso coração, quando vistes o vosso Jesus condenado à morte, preso com cordas e correntes, coberto de sangue e de chagas, coroado de espinhos, caindo no chão sob o peso de sua cruz, que Ele carregava sobre os seus ombros feridos e indo morrer por amor a nós como um cordeiro inocente. Vossos olhos cruzaram, então, com os dEle e esses olhares foram flechas que feriram o vosso coração amoroso. Peço-vos, então, por essa grande dor, que me alcanceis a graça de viver inteiramente resignado à vontade de Deus e de carregar a minha cruz com alegria, na companhia de Jesus, até o meu último suspiro. 

1 Pai-Nosso, 7 Ave-Maria, Glória e a estrofe. 

5ª Dor. Ó, Mãe das Dores, sofro convosco a dor da quinta espada que transpassou o vosso coração, quando vistes, no monte Calvário, vosso Filho bem amado morrer lentamente em meio a sofrimentos e desprezos no leito rude da cruz, sem poder Lhe dar nem mesmo os alívios que se concedem aos mais vis criminosos na hora da morte. Peço-vos, Mãe amorosa, pela agonia que sofrestes com vosso Filho agonizante e pela tristeza que sentistes quando, pela última vez, Ele vos falou para despedir-se de vós e para deixar-vos todos os homens como filhos na pessoa de São João; peço-vos, pela constância com que O vistes inclinar a cabeça e expirar, que me alcanceis, de vosso Amor crucificado, a graça de viver e de morrer crucificado para todas as coisas desse mundo, a fim de viver para Deus somente e de ir um dia vê-lO face-a-face no paraíso. Assim seja.

1 Pai-Nosso, 7 Ave-Maria, Glória e a estrofe.

Santo Afonso coloca a sexta dor como sendo o Coração de Jesus transpassado pela lança. Muitos outros colocam a deposição de Cristo na Cruz

6ª Dor. Ó, Mãe das Dores, sofro convosco a dor da sexta espada que transpassou vossa espada, quando vistes transpassado, de lado a lado, o Doce Coração de vosso Filho morto, e morto por esses ingratos que, mesmo após a sua morte, não estavam satisfeitos com os tormentos que Lhe haviam infligido. Peço-vos, então, por essa dor cruel, que suportastes sozinha, que me alcanceis a graça de habitar no Coração de Jesus, ferido e aberto para mim; nesse Coração, digo, que é a bela morada do amor, onde repousam todas as almas que amam a Deus. Assim, que eu não pense em nem viva para outra coisa que não seja Deus. Santíssima Virgem, podeis fazer isso, e isso espero de de vós. 

1 Pai-Nosso, 7 Ave-Maria, Glória e a estrofe.

7ª Dor. Ó, Mãe das Dores, sofro convosco a dor da sétima espada que transpassou o vosso coração, quando recebestes em vossos braços vosso Filho morto, não mais belo e radiante como O recebestes no estábulo em Belém, mas ensanguentado, lívido e todo chagado pelas feridas que haviam expostos seus ossos. Nesse momento, vós dizíeis: Ó, meu Filho, a que o amor vos reduziu? E quando Ele foi levado ao sepulcro vós quisestes acompanhá-lO e sepultá-lO com vossas próprias mãos, sepultando também o vosso coração amoroso, ao dar-Lhe o último adeus. Alcançai-me, ó Mãe do belo amor, por todos os martírios que vossa bela alma teve de sofrer, o perdão das ofensas que cometi contra meu amado Senhor, e das quais me arrependo de todo o meu coração. Defendei-me nas tentações, assisti-me no momento de minha morte, a fim de que, operando minha salvação pelos méritos de vosso Filho, Jesus, eu possa, um dia, depois desse miserável exílio, ir ao Paraíso para cantar os louvores de Jesus e vossos durante toda a eternidade. Amém. 

1 Pai-Nosso, 7 Ave-Maria, Glória e a estrofe.

V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus. 

R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. 

Oremos. Ó Deus, em cuja Paixão, uma espada de dor transpassou, conforme a profecia de Simeão, a alma dulcíssima de Maria, Virgem e Mãe, concedei-nos, a nós que celebramos e veneramos as suas dores, que alcancemos o feliz efeito de vossa paixão. Vós que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. Amém. 

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Maria Sempre

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FONTE: LIGÓRIO, Santo Afonso de. As Mais Belas Orações de Santo Afonso. Coordenadas pelo Pe. Saint-Omer, Redentorista e traduzidas para o português por D. Joaquim Silvério de Sousa, Editora Vozes/1961, “Devoção à SS. Virgem”, pp. 494-497 – Textos revisto e atualizado