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segunda-feira, 4 de setembro de 2023

NUNCA É DEMAIS A CONFIANÇA!




Nunca – dizia Santa Teresinha – nunca é demais a confiança no bom Deus, tão poderoso e tão misericordioso! Que belas consoladoras palavras da incomparável missionária da confiança! Sim, a confiança na Misericórdia Divina nunca é demais. Pode-se limitar o que não tem limites, o que é infinito? Para nos incutir confiança, Nosso Senhor se fez menino, em Belém, nosso irmão, nosso amigo. Pregou na Judeia, comparando-se ao bom pastor e ao bom samaritano acariciando as criancinhas, comendo e bebendo com os pecadores. Deixou-se ficar reduzido, aniquilado, sob as espécies Eucarísticas, no Cenáculo, e morreu, pregado a uma cruz, perdoando e amando. E, depois disso, encontram-se ainda almas desesperadas da sua salvação!… Não se compreende como se possa ter medo de um Pai tão misericordioso e terno! Essa desconfiança fere e ofende tanto o coração de Jesus!

“Ó Jesus – escreve Santa Teresinha (1) – deixai-me dizer que vosso amor vai até a loucura. Como queres que meu coração não se atire para Vós? Como poderá ter limites a minha confiança?”

Por que temer? A um missionário, seu irmão espiritual, escrevia a santinha (2):

“Desde que me foi dado compreender o amor do Coração de Jesus, confesso que expulsei todo temor de meu coração! A lembrança de minhas faltas me humilha e me leva a, não me apoiar em minha força, que é fraqueza; porém, mais do que isso, ela me fala, da misericórdia e do amor. Pois as faltas, quando lançadas com confiança no braseiro devorante do Amor, não serão sem demora consumidas?”

Almas tímidas e desconfiadas, se com sinceridade vos quereis dar à emenda de vossa vida, bani de vossos corações todo esse medo de Deus, que vos acabrunha, e abri as asas da confiança. Voai sem receio na amplidão infinita do céu do Amor! Amor e confiança! E nada mais vos será necessário!

Referências:

 (1) História de uma alma. – c. XI.

 (2) 5 me. lettre à des Missionaires

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Maria Sempre

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FONTE: BRANDÃO, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 267.

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Sobre a obra: O Breviário da Confiança varia de página a página, porque variadas são as dores e amarguras desta pobre vida [...] É uma palavrinha amiga para cada dia, uma gota de bálsamo para feridas que a vida nos vai abrindo também cada dia no pobre coração.

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

POR QUE BUSCAS DESCANSO?

Para que buscas descanso se nasceste para o trabalho? Dispõe-te à paciência, mais do que à consolação, e a levar a cruz antes do que ter alegria. Que homem mundano não receberia de boa vontade a consolação e alegria espiritual se delas sempre pudesse gozar? As consolações espirituais excedem a todos os prazeres do mundo e os deleites da carne. Porque todas as delícias do mundo ou são torpes ou vãs, e só as espirituais são alegres e honestas, geradas pelas virtudes e infundidas por Deus nos corações puros. Mas ninguém pode lograr continuamente estas consolações divinas à medida do seu desejo, porque breve é o tempo em que não há tentação.

Um grande obstáculo às consolações celestes é a falsa liberdade da alma e a presunçosa confiança em si mesmo. Deus faz bem ao homem dando-lhe a graça da consolação; o homem faz mal não atribuindo tudo a Deus e não Lhe dando graças. E, se em nós não abundam os dons da graça, é porque somos ingratos a seu Autor, não Lhos atribuindo como à fonte de todo o bem. Porque nunca recusa Deus a graça a quem dignamente é agradecido, e nega ordinariamente ao soberbo o que costuma dar ao humilde. Não quero consolação que me tire a compunção, nem contemplação que me faça cair em desvanecimento. Pois nem tudo o que é elevado é santo, nem tudo o que é doce é bom, nem todo desejo é puro, nem tudo o que nos agrada, agrada a Deus. De boa mente aceito a graça que me faz humilde e timorato e que melhor me dispõe para renunciar a mim mesmo. O homem instruído pela graça e escarmentado em tê-la perdido, não ousará atribuir-se a si bem algum, antes se confessará pobre e sem merecimento. Dá a Deus o que é de Deus e atribui a ti o que é teu; isto é, dá graças a Deus pelos auxílios que te concede e só a ti atribui à culpa e reconhece que, não havendo em ti senão pecado, nada te é devido senão a pena do pecado. Põe-te, pois, no último lugar e alcançarás o primeiro, porque o que é mais alto se apoia sobre o que é mais baixo.

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Maria Sempre

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FONTE: BRANDÃO, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 248.

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Sobre a obra: O Breviário da Confiança varia de página a página, porque variadas são as dores e amarguras desta pobre vida [...] É uma palavrinha amiga para cada dia, uma gota de bálsamo para feridas que a vida nos vai abrindo também cada dia no pobre coração.

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

PENSAMENTOS CONSOLADORES DO PURGATÓRIO


Segundo um dos biógrafos de São Francisco de Sales, o santo dizia e sempre repetia que, em sua opinião, devemos tirar mais consolação do que temor do pensamento do Purgatório. Verdade é que, naquele lugar de expiação, são tão grandes os tormentos que não se lhes podem comparar as maiores dores desta vida. Mas também as alegrias interiores são lá de forma tal que não há neste mundo prosperidade nem alegria que as igualem. E quereis saber por que consola o pensamento do Purgatório? Pois é o próprio São Francisco de Sales quem o vai mostrar:

1. As almas ali vivem numa contínua união com Deus.

2. Estão perfeitamente conformadas com a vontade de Deus. Só querem o que Deus quer. Se lhes fosse aberto o Paraíso, prefeririam precipitar-se no Inferno a apresentar-se manchadas diante de Deus.

3. Purificam-se voluntariamente, amorosamente, porque assim o quer Deus.

4. Querem permanecer da forma que agradar a Deus e por todo tempo que for da vontade dEle.

5. São invencíveis na prova e não podem ter um movimento sequer de impaciência, nem cometer qualquer imperfeição.

6. Amam mais a Deus do que a si próprias,com amor simples, puro e desinteressado.

7. São consoladas pelos anjos.

8. Estão certas de sua salvação, como uma esperança inigualável.

9. As suas amarguras são mitigadas por uma paz profunda.

10. Se é infernal a dor que sofrem, a caridade derrama-lhes no coração inefável ternura, a caridade que é mais forte que a morte e mais poderosa que o inferno.

11. O Purgatório é um feliz estado, mais desejável que temível, porque as chamas que lá existem são chamas de amor”.

Na verdade, padece-se muito no Purgatório. Mas como nos consola a certeza de que o martírio que lá se sofre é o martírio do Amor e de que se tem lá o conforto da esperança!

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Maria Sempre!

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FONTE: BRANDÃO, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 329.
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Sobre a obra: O Breviário da Confiança varia de página a página, porque variadas são as dores e amarguras desta pobre vida [...] É uma palavrinha amiga para cada dia, uma gota de bálsamo para feridas que a vida nos vai abrindo também cada dia no pobre coração.

domingo, 16 de outubro de 2022

A CALÚNIA


Ah! Como dói a calúnia! Como é duro viver sob o peso duma infâmia, humilhado, abatido, coberto de vergonha! Mas olhemos para a cruz! “Jesus Crucificado! Eis a verdadeira serpente de bronze que nos cura as mordeduras das línguas de áspides maldizentes”, dizia São Francisco de Sales. Nosso Senhor, caluniado – “Jesus autem tacebat” – diz o Evangelho – calava-se. Quando nos calamos, Deus fala por nós. Que é, afinal, essa reputação pela qual tanto sofremos? Uma opinião, uma sombra, uma fumaça! Deus sabe tudo e Ele nos há de julgar! Nada valem os juízos dos homens. Tenhamos confiança e não seremos abandonados. No dia do Juízo, tudo se há de esclarecer e a recompensa virá. São Geraldo Magela foi caluniado de um crime horroroso por uma mulher indigna. Santo Afonso, perturbado, chamou o santo e o fez ciente da acusação. Conservando-se impassível como o mármore, Geraldo não pronunciou uma palavra. Santo Afonso proibiu-lhe a comunhão e toda relação fora do convento. O irmão nem sequer murmurou. Aconselharam-no a defender-se e, ao menos, a pedir licença para comungar.


“Não – respondeu o santo – Morramos esmagados sob a vontade de Deus!”

Cinquenta dias depois, a mulher infame, sob o peso do remorso, retratou-se da calúnia. Geraldo não se comoveu e, quando Santo Afonso lhe perguntou o motivo por que se havia calado e não se justificara, ele respondeu:


“Meu Pai, é que a Regra me ordena que não me escuse, mas que sofra em silêncio toda espécie de mortificação!”

Que exemplo para o nosso orgulho, que não suporta nem uma leve suspeita!

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Maria Sempre!

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FONTE: BRANDÃO, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 311.

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Sobre a obra: O Breviário da Confiança varia de página a página, porque variadas são as dores e amarguras desta pobre vida [...] É uma palavrinha amiga para cada dia, uma gota de bálsamo para feridas que a vida nos vai abrindo também cada dia no pobre coração.

sábado, 6 de março de 2021

O QUE É A PERFEIÇÃO CRISTÃ?


Minha filha muito amada em Cristo, se desejas chegar ao mais alto grau da santidade e da perfeição cristã, unindo-te de tal modo a Deus que te tornes um mesmo espírito com Ele (1Cor 6,17) - o que é a maior e mais nobre empresa que se pode conceber -, convém que saibas primeiramente no que consiste a verdadeira e perfeita vida espiritual.
 
Porque muitos, por pouco refletirem, creem que a perfeição cristã consiste no rigor da vida, na mortificação da carne, no uso dos cilícios, nas disciplinas, jejuns, vigílias e outras obras exteriores. Outros, particularmente as mulheres, quando rezam muitas orações, ouvem muitas missas, assistem a todos os ofícios divinos e participam das comunhões, creem ter chegado ao mais alto grau da perfeição. [...]
 
Assim, alguns põem o fundamento da perfeição evangélicas nessas coisas, outros naquelas, mas o que é certo é que todos igualmente se enganam, porque essas obras mencionadas não são senão meios para adquirir a santidade, ou frutos dela, e, portanto, não se pode dizer que tais obras realizem a perfeição cristã e o verdadeiro progresso espiritual.
      
São, sem dúvida, meios poderosíssimos para conquistar a verdadeira perfeição e o progresso espiritual, quando usados com prudência e discrição, para adquirir força e vigor contra a própria malícia e fragilidade, para defender-se dos assaltos e tentações do inimigo e, enfim, para obter da misericórdia divina os auxílios e socorros que são necessários a todos os que se exercitam nas virtudes e, particularmente, os iniciantes.
 
São, pois, Frutos do Espírito Santo nas pessoas verdadeiramente santas... Porém, a algumas almas fracas acontece o contrário, pois se apoiam totalmente em obras exteriores, e isso pode ser uma causa de grande ruína e desespero, não porque a prática de tais obras não seja boa em si (pois são coisas muito santas), mas sim por serem consideradas fins e não meios, enquanto o coração é esquecido e abandonado às inclinações do demônio oculto. Este, vendo a ilusão dos que saem do verdadeiro caminho, não só os deixa continuar com seus exercícios e obras, mas até lhes proporciona praticá-los com gosto de deleite, para que creiam estar muito avançados na vida espiritual.
 
 
Por todas essas coisas mencionadas, podes, minha filha, entender agora claramente que a vida espiritual não é nenhum destes exercícios e trabalhos externos, que as outras pessoas costumam confundir com santidade.
 
Deves entender que a santidade não consiste em outra coisa além do conhecimento da bondade e grandeza de Deus,e da nossa nulidade e inclinação a toda espécie de mal; do amor por Ele e da indiferença por nós mesmos, da submissão não só a Ele, mas a toda criatura por causa dEle, da renúncia total à nossa vontade, da total resignação à providência e do fazer tudo isso simplesmente pela glória de Deus e pelo puro desejo de agradá-lo, porque Ele tem todo o direito de ser amado e servido por suas criaturas. 

Em quanto erros e enganos estão envolvidas tais almas miseráveis, e quão longe estão da perfeição que buscam! Essas pessoas são facilmente reconhecíveis por sua vida e costumes, são caprichosas, desobedientes e obstinadas em suas opiniões e cegas em suas próprias ações, mas têm sempre os olhos abertos para observar e criticar outras pessoas. E se, Deus, para reduzi-las ao verdadeiro conhecimento de si mesmas e ao caminho da perfeição, envia dificuldade, doenças e perseguição (que são a prova mais certa da fidelidade de seus servos, e que não acontecem sem um querer ou permissão da providência), então revelam o seu fundo falso, com o interior todo corroído e gasto por causa da soberba. Pois, qualquer que seja o caso, feliz ou triste, nunca querem abrigar-se sob a mão divina, nem ceder à sua admirável providência para conformarem-se aos seus justos, porém secretos juízos (Rom 11,33) nem imitar Seu Filho santíssimo (Fp 2,8) sujeitando-se a todas as criaturas, ou amar os seus perseguidores como instrumentos de bondade divina que cooperam para sua perfeição e salvação eterna. [...]

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Maria Sempre!
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FONTE: PADRE, Lorenzo Scupoli : O Combate Espiritual, pág 5-8. Editora: Cultor de Livros, São Paulo, Ano da Edição: 2012

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Sobre a obraO combate espiritual, do Padre Lorenzo Scupoli, era lido por São Francisco de Sales, doutor da Igreja, que foi guia seguro de Dom Bosco na Obra Salesiana, e que muito recomendava a leitura dessa obra clássica de espiritualidade. É um livro para se busca a santidade. O autor mostra que não bastam os exercícios de piedade: orações, missas, penitências, comunhões, etc., que, embora necessários são apenas "meios" para se atingir a perfeição cristã. Ele mostra que "a santidade consiste no conhecimento da bondade e grandeza de Deus; na nossa renuncia (Lc 9,23) e no conhecimento da inclinação a toda espécie de mal; do amor por Deus e submissão não só a Ele, mas a toda a criatura por causa dEle; da renuncia total à nossa vontade, da total resignação à Providência e do fazer tudo pela glória de Deus e pelo puro desejo de agradá-lo. Quem aspira à perfeição da santidade, deve agir com "violência" contra si mesmo. Mas o autor garante "que, sendo esta guerra a mais difícil de todas (já que nós mesmo é que somos combatidos), também a vitória é a mais agradável a Deus e a mais gloriosa ao vencedor".

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

AS DOZE VIRTUDES DE SANTAS CATÓLICAS



Hoje conheceremos algumas grandes mulheres católicas que nos servem como modelos de santidade.

Vendo um pouco de seus relatos, descobriremos que não estamos sozinhas na luta contra o pecado.

Inspirando-nos nessas santas mulheres, esforcemo-nos por uma vida virtuosa e santa!

1- Perfeição

Quando Santa Matilde foi visitada pelo Senhor, acompanhada de muitos Santos, um deles disse-lhe: "Oh, quão abençoada és tu que ainda vives na terra, pelo grande mérito que podes adquirir! Se um homem soubesse o quanto poderia merecer em um dia, no momento em que acordasse pela manhã, seu coração se encheria de alegria porque havia chegado o dia em que ele poderia viver para seu Senhor e, por Sua graça, aumentar grandemente Sua honra e glória e seu próprio mérito. Isso lhe daria muita confiança e força para fazer e sofrer tudo com extrema satisfação."

2- Humildade

"Não acredite que você fez qualquer avanço na perfeição, a menos que você se considere o pior de todos, e deseje que tudo seja preferido a você; pois a marca dos que são grandes aos olhos de Deus é o serem pequenos aos próprios olhos; e quanto mais gloriosos eles são aos olhos de Deus, mais vis eles parecem aos seus próprios olhos." Santa Teresa de Ávila

3- Mortificação

É sabido de Santa Catarina de Sena que enquanto sua família celebrava o Carnaval em sua casa, ela não se dispôs a juntar-se a eles, alegando que como não tinha outro amor, não tinha outro prazer senão no seu Jesus. Ele então apareceu a ela na companhia da Santíssima Virgem e outros Santos, e a desposou com tanta clareza e certeza, que os Dominicanos, por Indulgência Apostólica, celebram uma festa em sua comemoração no último dia do Carnaval.

4- Paciência

Bem-aventurada Ângela di Foligno, quando questionada sobre como foi capaz de receber e suportar os sofrimentos com tanta alegria, respondeu: "Acredite, nós não conhecemos a grandeza e o valor dos sofrimentos. Pois, se soubéssemos o valor das nossas provações, elas se tornariam para nós objetos de pilhagem, e deveríamos sair por aí tentando arrancar uns dos outros oportunidades de sofrer."

5- Mansidão

Esta virtude também brilhou em Santa Joana Francisca de Chantal. Quando ela foi, em várias ocasiões, maltratada por muitos, ela nunca deu o menor sinal de ressentimento ou desprazer, mas em troca deu presentes a um, concedeu favores obtidos de Deus a outro. Nem seu amor por nenhum deles diminuiu.

6- Obediência

"Obediência é, sem dúvida, mais meritória do que qualquer austeridade. E que maior austeridade pode ser pensada do que manter sua vontade constantemente submissa e obediente?" Santa Catarina de Bolonha

7- Simplicidade

Santa Maria Madalena de Pazzi disse uma vez: "Se eu pensasse que dizendo uma palavra, por mais indiferente que fosse, para qualquer outra finalidade que não o amor de Deus, poderia me tornar um Serafim, certamente não o diria."

8- Diligência

"Se o homem pudesse ver que recompensa terá no mundo de cima por fazer o bem, ele nunca empregaria sua memória, compreensão ou vontade em qualquer coisa que não as boas obras, sem se preocupar com que trabalho ou provações ele poderia experimentar nelas." Santa Catarina de Gênova

9 - Oração

Santa Rosa de Lima se mantinha recolhida, e tão grande era sua atenção e devoção que qualquer objeto que se apresentasse a ela não a distraía mais do que se ela fosse insensível. Quando ela foi à igreja, ela se colocou em um canto, com os olhos fixos no tabernáculo. Ela permaneceria assim por muitas horas imóvel, enquanto a visão de pessoas passando perto dela e o burburinho geral e murmúrio da multidão não a perturbava em nada.

10 - Confiança

Santa Gertrudes ouviu a voz do Senhor em seu coração falando desta maneira: "Seria da maior utilidade para eles saber e lembrar que estou continuamente intercedendo diante de Meu Pai por sua salvação, e que sempre que eles mancham seus corações pela fragilidade humana por maus pensamentos, Eu ofereço a Ele como expiação Meu mais puro coração; e quando eles cometem atos pecaminosos, Eu ofereço a Ele Minhas mãos perfuradas; e assim, por mais que errem, procuro imediatamente apaziguar o Pai Divino, para que possam obter perdão por seu arrependimento."

11 - Caridade

Santa Euphrasia, uma freira de Tebaida, era tão cheia de caridade que passava semanas inteiras sem comer, por causa de sua excessiva ocupação no serviço aos outros e porque se dedicava à oração nos poucos dias que lhe restavam. Percebeu-se que durante um ano inteiro ela nunca se sentou; e sua bondade ativa a tornava querida e adorável aos olhos de todo o convento, de modo que ela parecia a eles não uma criatura terrestre, mas um anjo encarnado.

12 -  União

Venerável Madre Seraphina de Deus tinha avançado muito neste caminho, pois num relato que deu de si ao seu realizador, pôde dizer: "A minha alma parece estar tão em sintonia com Nosso Senhor, que tudo o que Ele opera nela sempre parece mais adequado, pois é exatamente o que Ele deseja para si. O que quer que venha à minha alma é um doce amor feito de propósito para isso, e parece incapaz de desejar outra coisa, de modo que nunca experimenta amargura ou problema." Certa vez, quando se acusou de falta de conformidade com a Vontade Divina, recebeu naquele momento um raio de luz, pelo qual viu tão claramente quão bela é a vontade de Deus, que permaneceu por algum tempo tomada de espanto, e nunca deixou de amar a mais santa e bela vontade de seu Criador.

Obs: Tradução e adaptação: Bárbara Guedes.

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Maria Sempre!
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FONTE: CATHOLIC TRADITIONAL.ORG . 12  Catholics Virtues. 2014. Disponível em: http://www.catholictradition.org/Saints/virtues.htm

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

A EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ!


A Igreja recorda neste dia, a Exaltação da Santa Cruz.

Aproveitemos para meditar nas palavras do Pe. Ascânio Brandão do livro Breviário da Confiança:

A venerável Mecthilde do Santíssimo Sacramento escreveu: - "A Invenção da Santa Cruz é uma festa vulgar para todos os cristãos, pois o sofrer é coisa que todo dia nos sucede. A Exaltação da Santa Cruz é, pelo contrário, uma festa muito rara, porque poucas são as almas que louvam e exaltam a Cruz, com cuja imposição lhes manifesta Deus o poder da sua graça"

A Cruz será exaltada no dia do Juízo, naquele vale em que todos havemos de comparecer, essa Cruz que será vista, com inefável alegria, pelo justo que Ela salvou e redimiu! 

A Cruz é inevitável porque não aceitá-la pois, com amor? 

Vivamos numa perpétua exaltação da Santa Cruz. 

Exaltemos essa Cruz tão desprezada e injuriada, essa Cruz que tamanho horror causa à nossa extrema delicadeza e imensa sensualidade.

O Apóstolo São Paulo dizia: - "Livre-me Deus de me gloriar de outra coisa que não seja a Cruz de Jesus Cristo!"

Não nos assuste a Cruz. "O medo da Cruz - diz o Santo Cura D'Arns - é a nossa maior Cruz".

Exaltemos a Cruz que Nosso Senhor nos destinou, manifeste-se Ela por doença, morte, luto, calúnia, perseguição, provações interiores, pelo que for! Só pela Cruz nos salvará Aquele que morreu na Cruz!

Santa Isabel de Turíngia fez este pedido a Nosso Senhor: - "Meu Deus, Cruz por cruzes!" e Jesus lhe responde: - "Minha filha, Amor por amor!".


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Maria Sempre!
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FONTE: BRANDÃO, Ascânio. Breviário da Confiança: pensamentos  para cada dia do ano . Oficinas Gráficas "Ave-Maria", 1936. Pg. 277.
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Sobre a obra: O Breviário da Confiança varia de página a página, porque variadas são as dores e amarguras desta pobre vida [...] É uma palavrinha amiga para cada dia, uma gota de bálsamo para feridas que a vida nos vai abrindo também cada dia no pobre coração.


Pe. Ascânio Brandão

sábado, 29 de agosto de 2020

ECONOMIA NO LAR


O que é  economia no lar?

O que a dona de casa deve fazer para que seu lar seja bem administrado?

Veja estas preciosas dicas que o Padre Geraldo Pires traz em seu livro " As três chamas do lar":

A arte de guardar a justa medida entre as rendas e despesas chama-se economia. As despesas precisam corresponder às verdadeiras necessidades da casa e aos seus reais recursos financeiros. Se elas são exageradas, temos o esbanjamento. Se ficam aquém do que é conveniente e justo, temos a avareza.

Ser fácil em atender a todos os desejos de compras dos filhos é prodigalidade, leitora. Mas é avareza não querer comprar o que é necessário e adequado às posses da família. Deus recomenda várias vezes nos Livros Santos a prática da economia, "a arte de bem governar a casa". Já a leitora leu o que se diz da mulher-modelo. Hábeis lhe são as mãos e incansável é o seu espírito de iniciativa. Sua casa não tem receio do frio e das intempéries. Pois os seus domésticos estão bem vestidos e agasalhados.

No Evangelho lemos a recomendação de Nosso Senhor, após a multiplicação dos pães: Recolhei o que restou, para que não se perca.

Os pais precisam cultivar o espírito de economia, porque aos filhos devem deixar algum amparo na vida. "Não aos filhos toca ajuntar para os pais, mas a estes para os filhos" - reza a palavra de São Paulo. Muitas virtudes se praticam no exercício desta arte de economizar. Humildade e simplicidade, laboriosidade e mortificação andam juntas na vida de quem cuida da economia doméstica.

Material e moralmente prospera a família neste caso. Pois a mão aberta para gastar é sempre guiada, mais cedo ou mais tarde, por qualquer vício atrás do qual vem a miséria e o infortúnio. Damos aqui cinco normas práticas para a leitora desejosa de trilhar o caminho louvado por Deus.

Não deixa estragar-se nada - Lafitte, filho de um lenhador, foi pedir colocação num banco. Disseram-lhe que não havia vaga. Ao retirar-se, vendo no chão um alfinete, pegou-o e o prendeu no casaco. Seu gesto, percebido pelo banqueiro, por ele foi apreciado. Dias depois Lafitte estava colocado, tornando-se anos mais tarde sucessor do seu patrão. Em tua casa, leitora, quantos alfinetes se enferrujam pelo chão, esquecidos e abandonados? E se fossem apenas alfinetes.

Acabar com as despesas desnecessárias - Quem não sabe governar sua casa encontra-se frequentemente na precisão de gastar. Não soube ou não se lembra de dar uma ordem em tempo oportuno, poupando com ela despesas.

Muitos objetos são comprados inutilmente. Foram vistos numa vitrina, anunciados num jornal, elogiado por uma amiga - e eis que a patroa já não pode viver sem eles. Igualmente desnecessária é a despesa que, por ser feita fora de hora, se tornou maior. A dona de casa não soube prever a alta do preço, nesta ou naquela época do ano.

Fazer em casa o que se pode fazer - Isso de entregar às mãos alheias encomendas que, em casa, a habilidade da dona poderia despachar, é antieconômico. Muito vestido e muita costura vai para fora, estragando-se, só porque mãe e filhas moças não querem incomodar-se. É mau exemplo o forma hábitos censuráveis tal sistema, leitora.

Uma criada, ajudada pela patroa e pelas filhas, dá conta do serviço? Por que, então, por vaidade ou por preguiça, manter duas em casa?

Fugir das dívidas - Já vimos o mal que as dívidas acarretam à esposa e mãe. Por conseguinte, leitora, seguirás à risca este princípio: Nunca ficar devendo! Pagando à hora serás melhor servida e gastarás menos. Há até um ditado que diz: Enriquece quem paga suas dívidas.

Anotar as rendas e as despesas - Desta forma saberás às quantas andam tuas perspectivas financeiras. Os algarismos dirão com toda a frieza até aonde poderás ir com as compras. Dirão se isto ou aquilo poderá ser com prado ou não. Além disso, são também avisos para voltar atrás. O marido terá mais confiança na esposa e os filhos têm diante de si a lista exata dos sacrifícios financeiros dos pais, quando trabalham para vesti-los e educá-los.

Faltando a escrituração, nunca a dona de casa poderá dizer em que ponto andam suas reservas, ou em que ponto deve cortar as despesas.

A economia impõe-se porque neste mundo somos somente administradores dos bens concedidos por Deus. A Ele daremos contas de cada tostão gasto.


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Maria Sempre!
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FONTE:ALVES, Padre Geraldo Pires de Souza. As três chamas do lar, São Paulo, 1958, pp. 281-283.

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Sobre a obra:  
Leitora, aceita este livro com mais este título para teu coração. Se alguém divergir de minhas ideias, não me condene por isso. Tome-se o tempo de refletir um pouco sobre elas. Nem sempre as ideias são como flores que encantam. Às vezes são como nozes, ásperas, mas só por fora. Vai também intercalada a encíclica do Santo Padre Pio XI, dirigida aos casados. Na maioria dos casos forma uma conclusão ao capítulo que a precede. Na Terceira Parte, extraídos do livro do P. Bethléem e livremente citados, seguem-se alguns trechos utilíssimos para a educadora. Vários assuntos de importância não puderam ser tratados. Pois, resumidos, pouco diriam e, desenvolvidos, aumentariam por demais o volume do livro. Grato serei a quem me expuser suas observações a respeito do que leu nestas páginas. Destina-se ao amparo das vocações de missionários redentoristas a renda desta publicação. As almas generosas este motivo dirá muito, convertendo-as em propagandistas do livro.

São Paulo, 18 de julho (festa da mãe e mártir santa Sinforosa) de 1938.

O Autor.

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

DIGRESSÃO: QUE NOMES DEVEMOS COLOCAR NAS CRIANÇAS


São João Crisóstomo através de seus escritos, nos exorta sobre quais nomes devemos colocar nos nossos filhos:

47. Em tempo me lembrei e agora me ocorreu outro pensamento, a propósito do nome. Que pensamento é este? Que despertemos neles, imediatamente, por seu próprio nome, zelo pela virtude. Ninguém tenha, pois, pressa em dar às crianças nomes de antepassados, do pai, da mãe, avô ou bisavô. Não. Ponhamos neles os nomes dos justos, dos mártires, dos bispos, dos apóstolos. O próprio nome há de ser para eles um motivo de fervor. Chame-se um Pedro, outro João ou nome de algum outro santo.

48. E não me venhas com costumes gentis. Efetivamente não é pequena a vergonha e ridículo que em casa de cristãos se perpetuem costumes dos gentios, acendendo velas, observando qual se apaga primeiro, e outros costumes semelhantes, que não trazem dano de qualquer tipo para quem os praticam. Com efeito, não penseis que tudo isso são coisas fúteis e sem importância.

49. Eu vos exorto, portanto, a que chameis vossos filhos pelos nomes dos santos. É natural que no princípio se fizesse de outra forma e se chamasse os filhos pelos nomes dos antepassados. Isso era como um consolo da morte, pois aquele que morria se imaginava viver no nome dos filhos. Porém, agora já não. Pelo menos vemos que os justos não chamam assim seus próprios filhos. Assim Abraão gerou Isaac. Jacó e Moisés não se chamaram como seus antepassados nem encontraremos nenhum dos justos que assim fossem chamados. Que exemplo e exortação à virtude não é o mero nome! E, efetivamente, não acharemos outro motivo para a mudança do nome, senão o de recordar a virtude: "Tu – disse – te chamarás Céfas, que significa Pedro" (Jo 1, 42). Por que? Porque tu me confessaste (Mt 16,17-18). "E tu te chamarás Abraão". Por que? "Porque serás pai de nações" (Gen 17, 4ss). E Jacó foi chamado Israel, porque viu a Deus (Gen 32, 39). Por aqui, portanto, deve-se começar nosso esmero com os filhos e assim os deveremos educar.

50. Portanto, como dizia, "viu uma escada voltada para o céu e que chegava até ali...". Entre, pois, o nome dos santos nas casas como o nome dos filhos, e assim se eduque não só o filho, mas também o pai, sempre que considere ser pai de um João, de um Elias, de um Jacó. Porque se o nome é escolhido com piedade e para honrar os antepassados; se preferirmos o parentesco com os justos ao invés de nossos avós, isso trará muito proveito para nós e para nossos filhos. Não penses que por tratar-se de coisa miúda, deixa de ter importância, pois é motivo de muita utilidade.

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Maria Sempre!
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FONTE: CRISÓSTOMO, São JoãoDa vanglória e da educação dos filhos. Editora Katechesis, 1ª ed., 2015, p. 16-17.
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Sobre a obra:  Se desde a primeira infância carecem as crianças de mestres, que será delas? Se alguns, educados e instruídos desde o ventre materno até a velhice, não conseguem triunfar, que males serão capazes de cometer os que nunca foram educados? O certo é que todas as pessoas se esforçam para que seus filhos se instruam nas artes, nas letras e na eloquência, mas a ninguém ocorre pensar em como exercitar sua alma. Portanto, não cesso de vos exortar, rogando-vos e suplicando-vos que, antes de qualquer coisa, eduqueis bem os vossos filhos. Se tendes consideração por vossos filhos, aqui o haveis de mostrar.
Editora Katechesis

sexta-feira, 31 de julho de 2020

SANTO INÁCIO E AS TENTAÇÕES DO DEMÔNIO


Oração a Santo Inácio de Loyola - Comunidade Católica Shalom

Conheça esta história do livro "Tesouro de exemplos" onde Santo Inácio consegue vencer todas as tentações do demônio:

Quando S. Inácio se entregava aos exercícios de penitência e oração na gruta de Manresa, Deus, para fortificar-lhe a virtude por meio do combate, permitiu ao demônio que o assaltasse de vários modos. Tendo o tentador estudado o coração de Inácio, encontrando-o inacessível aos golpes da avareza e da luxúria, julgou poder vencê-lo pela vanglória. Sugeriu-lhe o pensamento de que era um grande santo, e, encobrindo-lhe os pecados, fez-lhe uma excelente descrição das aspérrimas penitências, esmolas e longas horas que passava em oração, bem como de todas as virtudes por ele praticadas. O servo de Deus, iluminado pela graça, reconheceu que aquelas sugestões de vanglória vinham do demônio, espirito orgulhoso, e não do Espirito Santo que é espirito de humildade. Assim venceu o astuto inimigo só com a lembrança de seus grandes pecados e a meditação do inferno que tantas vezes merecera.

Esperava-o outra prova. Foi privado da paz do coração, da tranquilidade interior, de que gozava após a sua conversão, e invadiram-no trevas, temores, cuidados, inquietações. Parecia-lhe que tudo que fazia era pecado, que nada agradava a Deus e que Nosso Senhor o abandonara.

Eram temores exagerados, sem fundamento, angústias de espírito e escrúpulos, com que o demônio queria tornar-lhe o caminho da vida espiritual áspero e aborrecido e lançá-lo no desespero. Mas também aqui o demônio teve de meter a viola no saco e os carretéis na algibeira, porque, com a paciência e sobretudo com a obediência cega ao seu confessor, Inácio saiu triunfante dessa nova tentação. Seguiu a voz do ministro de Deus como se fora a do próprio Jesus Cristo, e recuperou a calma.

O demônio tentou ainda abalar a confiança do Santo.

— Como, — dizia-lhe interiormente — como poderás continuar nessa vida tão austera? És moço, tens ainda cinquenta anos de vida: como poderás, por tanto tempo, aguentar uma vida tão penosa?

Inácio, iluminado na oração fervorosa, não custou muito a reconhecer a manha do tentador...

— Tu, — replicou-lhe, — tu falas desse modo? Quem me garante Viver mais cinquenta anos? Podes garantir-me uma hora sequer?... E, ainda que tivesse de viver mais cinquenta anos, que é isso em comparação com a eternidade? De resto a mim me basta viver dia por dia. Aquele que com sua graça me sustenta hoje me conservará também amanhã e até quando lhe aprouver prolongar-me a vida.

Desta maneira, o valoroso soldado de Cristo, a exemplo de seu Mestre, superou todas as tentações.

Santo Inácio de Loyola, rogai por nós!

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Maria Sempre!
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FONTE: ALVES, Pe. Francisco. C.SS.R., Tesouro de Exemplos. Volume II. Ed. Vozes. Petrópolis, 1958. Pg.52-53.
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Sobre a obra: O propósito deste livro é oferecer a todos que têm a obrigação de educar a infância e a juventude um variado repertório de fatos verídicos ou verossímeis que, contados, movam seus ouvintes a julgar somente do seu valor moral e, por conseguinte, os disponham, à luz desses exemplos, a praticar o bem e a evitar o mal. Os fatos recolhidos nestas páginas são sucintamente narrados. As mães, os professores, os sacerdotes que deles quiserem se utilizar, contá-los a seu modo, e como melhor lhes parecer para impressionar seus ouvintes e fazer-lhes perceber a lição moral que deles se pode tirar. Cabe à perícia dos educadores dar-lhes a alma, a vida, o colorido de forma a semeá-los psicologicamente no coração dos educandos.

Padre Francisco Alves

quarta-feira, 22 de julho de 2020

CUIDADO COM CERTAS AMIZADES



Ter amigos é um grande presente, afinal com eles podemos dividir alegrias, receber conselhos, buscar apoio em momentos delicados, enfim, compartilhar a vida. Não é à toa que dizem que eles são a família que nos foi permitido escolher, algo pelo qual devemos ser sempre gratos. Contudo, é importante se manter atento para saber cativar amizades que realmente nos levam a Deus. Vejamos os dizeres de São João Bosco nesta postagem:

Há três espécies de companheiros: os bons, os maus e os que estão no meio termo. Com os bons podemos nos relacionar, que será muito frutuoso; com os medíocres somente quando houver necessidade, mas sem contrair familiaridade; quanto aos maus, devemos evitar sempre.

Quem são esses terríveis maus companheiros? Todos que não se envergonham de ter conversas obscenas, murmuradores, mentirosos, blasfemadores; os que têm vida escandalosa e aconselham a desobedecer aos pais, a roubar, a transgredir os deveres. Todos esses são péssimos companheiros e ministros de Satanás, dos quais você deve fugir mais do que da peste e do demônio.

Quem andar com o virtuoso, será também virtuoso. Estando com os bons, eu garanto que alcançará o Paraíso. Pelo contrário, permanecendo com os perversos, sua alma corre grande perigo.

Alguém poderá dizer: São tantos os maus, que seria preciso sair deste mundo para poder evitá-los. É verdade que são numerosos e, é justamente por isso que o risco é grande. Lembre-se de que sempre terá a companhia de Jesus Cristo, da Bem-aventurada Virgem Maria e do Santo Anjo da Guarda. Existirão companheiros melhores que esses?

É possível encontrar bons amigos, juntos poderão frequentar os Sacramentos da Confissão e da Eucaristia; amigos que com palavras e exemplos, estimularão o cumprimento dos deveres sociais e religiosos.

Desde que Davi, quando jovem, conheceu Jônatas, tornaram-se grandes amigos com proveito recíproco, porque um animava o outro nas práticas das virtudes.

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Maria Sempre!
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FONTE: BOSCO, São João. O cristão bem formado. Ecclesiae, 2004. Pg. 22.
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Sobre a obra: São João Bosco, neste pequeno livro, ensina-nos que são dois os principais artifícios do maligno para afastar as almas de Deus: o primeiro é fazer crer que, para servir Deus, é preciso levar uma vida melancólica, longe de todo divertimento e prazer. Porém, o santo indica-nos um caminho que leva a uma vida onde o cristão se torna feliz e lhe são concedidos os verdadeiros divertimentos e encantos, de tal forma que possa dizer como Davi: "Servi ao Senhor com alegria" (Sl 100,2). O outro engano sugerido pelo espírito pernicioso é a esperança de uma vida longa, junto com a idéia de se converter na velhice ou apenas na hora da morte, para melhor 'aproveitar' a vida. Mas São João Bosco questiona: "Quem pode nos assegurar que um dia chegaremos a ser velhos?". Além disso, "a estrada que o homem escolher na juventude provavelmente será a mesma até a morte.Isso significa que se começar a viver bem na mocidade, decisivamente viverá nesse caminho e terá uma boa morte, que será o princípio da felicidade eterna. Pelo contrário, se desde o começo deixar-se dominar pelos vícios, possivelmente continuará assim em todas as etapas da vida e encontrará a eterna infelicidade". E para que tal desgraça não aconteça, ele propõe uma breve e fácil norma de vida, que é suficiente para se tornar consolo para os familiares, patriota honrado, bom cidadão na Terra e, mais tarde, bem-aventurado habitante do Céu. Trata-se portanto, de um livro que ajuda a adquirir uma boa formação de maneira prática, de modo a preparar o cristão para os desafios do dia-a-dia.
Editora Ecclesiae

quinta-feira, 2 de julho de 2020

A VISITAÇÃO


A Igreja recorda hoje a visita que Nossa Senhora fez à sua prima Santa Isabel. Aproveitemos para meditar nas palavras do Pe. Ascânio Brandão do livro Breviário da Confiança:

A dor te veio visitar, como Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel, para te fazer bem e te encher de graças. Que fazer? Recebê-la com muito amor. Entoar um “Magnificat”. Com ela vem Jesus. O sofrimento é a visitação do Senhor! Não maltrates o Hóspede Divino. É a Misericórdia que procura a miséria. Recebe a visita honrosa, se não com alegria ao menos pacientemente. E sabe Deus como te é necessária! A visita que recebes é de caridade, como a de Maria à Isabel. O anjo do Carmelo, Santa Teresa do Menino Jesus, aconselhava sempre as suas noviças que dessem bom agasalho ao sofrimento, recebendo-o com um sorriso nos lábios. Custa – é verdade – a princípio. Depois se adquire o hábito, aprende-se a ser bem polido e amável para a visita inevitável de quase todos os dias. A dor não é má. Vem visitar-nos em nome do Senhor. Por que não a receber bem? Traz notícias do Céu, fala-nos de Jesus, ensina-nos o desapego dos prazeres e mostra-nos a realidade da vida. Oh! Não sejas grosseiro! Recebe essa dama celeste com amabilidade. Ela é a embaixatriz do Céu e nos faz tanto bem! Sê amável e agradecido ao Senhor, que mandou fazer-te uma visita.

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Maria Sempre!
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FONTE: BRANDÃO, Ascânio. Breviário da Confiança: pensamentos  para cada dia do ano . Oficinas Gráficas "Ave-Maria", 1936. Pg. 201.
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Sobre a obra: O Breviário da Confiança varia de página a página, porque variadas são as dores e amarguras desta pobre vida [...] É uma palavrinha amiga para cada dia, uma gota de bálsamo para feridas que a vida nos vai abrindo também cada dia no pobre coração.


Pe. Ascânio Brandão

sexta-feira, 19 de junho de 2020

CULTO PARTICULAR DA IMAGEM DO SAGRADO CORAÇÃO




"Coração de Jesus que tanto me amais, fazei que eu Vos ame cada vez mais!"

Ah, que doce e grandioso amor tem para conosco o Sagrado Coração de Jesus!

Tantas e tantas vezes tratado com indiferenças e humilhações, por nós e por tantos outros. Quanta tristeza padece este amável coração que só distribui misericórdia e bondade.

Hoje, ao celebrarmos a Festa do Sagrado Coração de Jesus, viemos convidá-la a conhecer esta salutar devoção.

Qual é a homenagem particular que se há de prestar ao Sagrado Coração?

Esta homenagem consiste em colocar com devoção no próprio quarto à sua imagem.

"Tende sempre diante de vós alguma imagem do Coração de Jesus", diz o P. Froment, contemporâneo da Santa.

Eis os exercícios de piedade em que vos podeis ocupar santamente diante desta imagem:

Lançai muitas vezes os olhos sobre ela, para que vos lembreis do amor infinito em que esse divino Coração sempre ardeu por vós, e para vos animardes a renovar a consagração que de vós lhe fizestes.

Ajoelhai-vos muitas vezes, diante dessa imagem, e pedi a N. S. que vos dê o seu divino Coração e o seu amor.

Ao olhar para o divino Coração trazei à memória os benefícios que dele tendes recebido. 

Outras vezes recordai as ingratidões do vosso coração para com o Coração tão bemfazejo de Jesus Cristo.

Pensai também algumas vezes que aquele Coração, sendo amabilíssimo, é contudo muito pouco amado.

Vendo esta imagem, pensai nas disposições do vosso coração, e vede, se não há nele alguma coisa que desagrade a esse Coração divino. Vede também o que vos falta para serdes semelhantes a este Coração infinitamente santo.

7° Ao contemplar a chaga adorável do Sagrado Coração, pensai que Jesus vos convida a entrar nele, por aquela abertura, e a fixar ali a vossa morada.

Quando passardes diante desta imagem, fazei algum ato de adoração, de reconhecimento, de súplica, de reparação ou de amor.

Enfim, beijai algumas vezes com devoção o Coração que ali vedes, para mostrardes o respeito a ternura com que porieis os lábios no lado sacrosanto de Jesus, se por felicidade vos podesseis aproximar dele.


Santa Margarida Maria tinha colocado uma imagem do Sagrado Coração na sua mesa de trabalho: era diante deste terníssimo símbolo do amor divino que ela, quase sempre de joelhos, escrevia, lia e trabalhava.

As comunidades, os colégios e as associações piedosas tem outro meio de estimular o fervor dos seus membros, usando o costume que a Santa estabeleceu no noviciado de Paray.

"A santa mestra, dizem as contemporâneastinha uma imagem pequena do Sagrado Coração, para que as noviças a trouxessem alternadamente".

Cada uma delas a trazia ao peito durante todo o dia, devendo esforçar-se em honrá-la de um modo especial, e fazer grande número de atos de virtude para lhe provar o seu amor.

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Maria Sempre!
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FONTE: IMACULADA, Oblato de Maria. O coração de Jesus segundo a doutrina de Santa Margarida Maria Alacoque. Lisboa, 1907. Pg.106-108. *Com adaptações do editorial do blog.
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Sobre a obra: Há coisas que não se inventam nem se imitam. A celeste unção e suave perfume de santidade que nos alimenta o espírito e alarga o coração ao ler estas páginas simples, despretenciosas, sem preocupações literárias nem artifícios de retórica, são a melhor prova do seu valor, a demonstração intuitiva da sua origem sobrenatural e da sua inegável autenticidade. E o verdadeiro espírito da Devoção ao Sacratíssimo Coração de Jesus é a grande novidade que este livro nos dá. Foi a Santa Margarida que diretamente a hauriu do Salvador, que a saboreou em toda a sua plenitude e recebeu a missão de a propagar.
Anônimo  

sexta-feira, 12 de junho de 2020

TALVEZ EU O CRITIQUE DEMAIS


Ter uma postura crítica acaba prejudicando seu relacionamento, mas mudar a maneira de pensar não é uma tarefa tão simples assim...

Que tal aproveitar o dia dos namorados e transformar suas perspectivas em uma visão mais favorável e passar a julgar menos?

Recomendamos a leitura de mais uma carta do livro "Conselhos a uma recém-casada" que exemplifica esta teoria:

Talvez seja difícil perceber com nitidez, por conta das provações que tem enfrentado, mas há sinais inequívocos de que o amor entre você e [seu esposo] está se fortalecendo. 

Um destes sinais é que você passou a considerar seus próprios defeitos por uma perspectiva honesta e objetiva, em vez de se concentrar nos de [seu esposo]. 

É curioso como é fácil para nós perceber os defeitos dos outros, ao mesmo tempo que ignoramos os nossos. Um dos motivos para isso é que nossa atenção tem mais facilidade para observar coisas exteriores a nós. No entanto, o motivo real é que o processo de autoconhecimento do ser humano é muito doloroso. 

O perigo do narcisismo está arraigado em todos nós. É maravilhoso pensar em mim mesma como uma pessoa extraordinária: atraente, charmosa, inteligente, talentosa, vencedora! É fácil nutrir todos os tipos de ilusão sobre si mesma.

Entretanto, meus defeitos reais maculam essa ilusão. É de causar espanto que eu tente camuflá-los? Prefiro me concentrar nos defeitos dos outros que não me machucam (exceto quando me têm por vítima).

Você já notou inúmeras imperfeições no homem que ama. Não me refiro às coisas que seu esposo não pode mudar - como o formato de seu nariz - , mas há coisas que estão sob seu controle. Aos seus olhos, ele é preguiçoso, impetuoso, com pavio curto, e assim por diante.

Em vez de calmamente discutir esses problemas com [seu esposo], para ajudá-lo a melhorar, você com frequência se flagra expondo-os e exigindo que sejam reparados.

Quando dá voz as suas críticas desse modo, não apenas o efeito resultante é irrisório, como também acaba tendo de lidar com o efeito rebote: [seu esposo] se vinga, apontando seus defeitos (com a mesma prontidão que você teve para criticá-lo). E eis uma típica situação que acaba em briga.

Com a graça de Deus, você começou a transformar essas derrotas em vitórias (e tenho certeza de que sabe que as maiores vitórias são derrotas revertidas). Você está aprendendo uma lição importante sobre a vida e, em particular, sobre a vida conjugal: devemos começar por nós mesmos. (Ah, se os revolucionários e terroristas percebessem e isso!).

O interessante é que, ao começar a modificação por nós mesmos, não é raro encontrarmos soluções inusitadas para os problemas. Descobrimos que nossas ações impensadas estavam provocando as reações negativas que deplorávamos no outro. E nos damos conta de que nossas virtudes recém-conquistadas se tornam mais fácil o aprimoramento das pessoas que nos cercam.

O grande exemplo nesse sentido é Santa Mônica.

Ela tinha um marido grosseiro e irascível, mas, em vez de lidar com esse problema e fazendo críticas e censuras - o que teria apenas piorando a situação - , aprendeu a controlar seu próprio temperamento e a cultivar a paciência. 

E isso gerou dois resultados. 

Primeiro, ao contrário dos maridos das amigas de Santa Mônica, Patrícius nunca usou de violência com ela, o que tornava mais fácil para ela o esforço de tentar amá-lo como devia.

Segundo, seu exemplo de bondade por fim venceu Patrícius, a tal ponto que ela teve a felicidade de ver esse pagão ingressar na igreja pouco antes de morrer.

Ela desviou sua atenção dos defeitos do marido para os próprios E trabalhou para se santificar. Percebeu que era muito melhor se concentrar nas ervas daninhas de seu jardim antes de tentar sanar o do marido. Ela fez a mesma descoberta que pregadores e missionários sempre fazem: a santidade é mais efetiva do que a eloquência.

Como Santa Mônica, você tem muitos motivos para ter esperança e coragem. Saiba que sua avidez por aperfeiçoar seu amor por [seu esposo] é para mim uma fonte contínua de alegria.

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Maria Sempre!
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FONTE: HILDEBRAND, Alice von. Conselhos a uma recém-casada. Rio de Janeiro: Petra, 2016. Pg.131-133. *Com adaptações do editorial do blog.
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Sobre a obra: Este livro faz enfim chegar, aos leitores brasileiros, as palavras de Alice von Hildebrand, uma das vozes femininas mais importantes de nosso tempo. Aqui, a célebre teóloga, especialista nos temas do amor, do matrimônio e da feminilidade, nos apresenta uma série de cartas cujo objetivo é ajudar sua afilhada a superar os obstáculos que costumam se apresentar na vida a dois, desde os maiores até os que parecem mais insignificantes. Com uma linguagem simples, mas ao mesmo tempo profunda e bela, Conselhos a uma recém-casada é leitura obrigatória para aprendermos a crescer no amor quando a lua de mel acaba. 
Petra Editora

sexta-feira, 29 de maio de 2020

EU NÃO ME IMPORTO DE ESTAR BEM VESTIDA


O início do namoro é um tempo lembrado com saudade por muitos casais, pois é também o tempo em que ambos faziam de tudo para agradar o outro. Com o casamento e a chegada dos filhos, os casais se perdem nos afazeres e responsabilidades e esquecem deste belo propósito.

Reflitamos: será que temos nos importado em  estar bem vestida para o nosso esposo?

Leia esta outra carta e entenda como estar arrumada é essencial em seu relacionamento conjugal:

Conheço uma mulher que, enquanto era noiva passava longas horas em frente ao espelho para se tornar o mais atraente possível para seu noivo. Agora ela está casada e se veste com desleixo quando está em casa, embora não meça esforços para estar atraente quando sai.

São Francisco de Sales nos diz que uma mulher piedosa deve se vestir bem, o que, no entanto, não significa que devamos ser escravas da moda. É possível nos vestirmos de modo atraente, elegante até, mas ao mesmo tempo modesto e simples. O mais importante é que o cuidado com a beleza exterior não se reserve às visitas e às pessoas que você encontra fora de casa e que você não  "se deixe levar" quando está sozinha com [seu esposo].

A partir do momento em que um casal se casa, eles devem tentar sempre ser o melhor possível um para o outro, física e, sobretudo, espiritualmente. Não é correto você dar o seu melhor ao seu esposo, que se entregou amorosamente a você?

Que Deus abençoe você e seu querido [esposo].

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Maria Sempre!
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FONTE: HILDEBRAND, Alice von. Conselhos a uma recém-casada. Rio de Janeiro: Petra, 2016. Pg.101. *Com adaptações do editorial do blog.
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Sobre a obra: Este livro faz enfim chegar, aos leitores brasileiros, as palavras de Alice von Hildebrand, uma das vozes femininas mais importantes de nosso tempo. Aqui, a célebre teóloga, especialista nos temas do amor, do matrimônio e da feminilidade, nos apresenta uma série de cartas cujo objetivo é ajudar sua afilhada a superar os obstáculos que costumam se apresentar na vida a dois, desde os maiores até os que parecem mais insignificantes. Com uma linguagem simples, mas ao mesmo tempo profunda e bela, Conselhos a uma recém-casada é leitura obrigatória para aprendermos a crescer no amor quando a lua de mel acaba. 
Petra Editora

sexta-feira, 15 de maio de 2020

É TÃO DIFÍCIL MUDAR


Ao longo da vida nos deparamos com a necessidade de transformar nossa história, seja através de pequenas ou grandes ações.

Esta decisão de mudança, muitas vezes é dolorosa, mas necessária.

E por que é tão difícil promover uma mudança em nossas vidas?

O livro Conselhos a uma recém-casada traz mais uma carta que irá  ajudá-la:

No dia em que conheci meu marido, ele estava dando uma palestra a um grupo de amigos em seu modesto apartamento, em Central Park West. O tema de sua fala era "a prontidão para mudança", o que também é o título do primeiro capítulo de sua grande obra, A nossa transformação em Cristo.

Não tenho palavras para descrever a impressão que aquela palestra me causou. Pela primeira vez em minha vida, descobri a chave para o progresso moral e espiritual: a prontidão para mudança. Saí da palestra em um estado de alegria e gratidão, que guardo na memória até hoje.

No entanto, a vida ainda viria me ensinar que ter a chave não é o mesmo que saber utilizá-la corretamente. De fato, quando passo em revista minha Vida, vejo que a falta de prontidão para a mudança prejudicou muito meu desenvolvimento espiritual.

Em certo sentido, nós todos somos um pouco "tias velhas" - pessoas que nunca se adaptaram a vida com os outros. Estabelecemos caminhos estreitos para nós mesmos e temos horror a mudança (além de uma paixão por modificar as outras pessoas). Conheço quem leve detalhes insignificantes tão a sério, que uma colher guardada na gaveta errada é capaz de provocar um terremoto.

Mesmo no casamento, quase sempre consideramos, implicitamente, o "nosso jeito" como o jeito correto. Quando desafiados a mudar, nossa primeira reação costuma ser: "Isso é problema meu" e, ou "Deixe-me em paz",  "Sou livre e tenho o direito de fazer as coisas como quiser". É estranho como é difícil para nós, pobre seres humanos, aceitar modificar mesmo pequenos detalhes. (Obviamente, refiro-me a mudanças para melhor. Jamais devemos ceder à vontade de nosso ser amado quando isso significar fazer o mal - o que não seria amor, mas simples fraqueza.)

É difícil para nós mudar para melhor, pois a prontidão para mudança demanda que lutemos contra nossa própria vontade. Essa é uma grande fonte de conflitos no casamento. Por mais que desejemos ser perfeitos, devemos reconhecer que amamos sobretudo a nossa própria vontade. Amamos a Deus - até certo ponto; amamos nosso marido - até certo ponto. Mas, como notou Kerkegaard, nosso mais puro amor costuma ser sempre a nossa própria vontade.

Há apenas uma coisa capaz de tornar as pessoas prontas para mudança: o amor. O amor é capaz de derreter o coração mais gélido, tornando-o fluido e maleável. Como é libertador sairmos da prisão em nós mesmos, lutando, por amor, com nossa própria vontade!  O amor torna doce a morte da minha vontade, embora talvez eu só consiga desfrutar desta doçura após um longo esforço.

Seu amor por seu [esposo] é imenso, assim como o dele por você. Por isso, não tenho dúvidas de que ambos estarão a altura do desafio do amor e em breve aprenderão a estar sempre prontos para mudar pelo bem de quem amam.

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Maria Sempre!
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FONTE: HILDEBRAND, Alice von. Conselhos a uma recém-casada. Rio de Janeiro: Petra, 2016. Pg.111-112. *Com adaptações do editorial do blog.
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Sobre a obra: Este livro faz enfim chegar, aos leitores brasileiros, as palavras de Alice von Hildebrand, uma das vozes femininas mais importantes de nosso tempo. Aqui, a célebre teóloga, especialista nos temas do amor, do matrimônio e da feminilidade, nos apresenta uma série de cartas cujo objetivo é ajudar sua afilhada a superar os obstáculos que costumam se apresentar na vida a dois, desde os maiores até os que parecem mais insignificantes. Com uma linguagem simples, mas ao mesmo tempo profunda e bela, Conselhos a uma recém-casada é leitura obrigatória para aprendermos a crescer no amor quando a lua de mel acaba. 
Petra Editora

sexta-feira, 24 de abril de 2020

A VAIDADE


A vaidade... Se possível fora extirpar tal paixão do coração da mulher, ficaria logo um anjo. Basta refletirmos um pouco para nos convencermos que todos os pequenos vícios da mulher e a maior parte de seus pecados, provêm desta fonte envenenada. Apenas a vaidade se apoderou de seu coração e a domina, fica sendo um ser muito dispendioso e completamente inútil.

Convenho em que a mulher, em certas ocasiões, se vista, se atavie mesmo por forma a ficar aceiada, a realçar até, se possível for, todas as glórias que a Deus aprouve derramar na pessoa, contanto que sempre se proponha um fim legítimo, e não ultrapasse os limites de uma decência, verdadeiramente cristã. Muitas vezes uma parte de sua missão consiste em agradar, e seria tentar um impossível querer impedi-la de comprazer-se em suas graças. Mas falo da mulher mundana que a vaidade domina, que não contente de ser bela e de saber que o é, quer à força de artifícios e despezas, parecer a mais bela.

Que direi ainda? A mulher mundana que não tem outro cuidado mais que o de gozar e fazer-se admirar, é uma mulher que perdeu o respeito de Cristo a mais bela das memórias, a memória do coração. É uma deusa que, sem o saber, diz a Deus em seus atavios: "Senhor, dizem que sois surpreendente em beleza, mas ninguém vos vê nem palpa. Eu também tenho encantos, e os meus encantos são visíveis. Permiti que os homens vos esqueçam, para contemplar-me, ofendendo-vos, para admirar-me em um culpável êxtase; porque eu, Senhor, também gosto muito do incenso". É uma escrava forra que se apresenta como rival de Deus, para roubar-lhe as adorações que só a ele se devem; e que o ultraja assim pela nudez de seus ombros, como pela altivez de seu olhar.

(...)Mulheres cristãs, minha alma comovida ao recordar-se do que tem visto, exclama como um grande bispo: "Por quem sois, não lanceis aos pés de Satanás as coroas que o Cristo vos conquistou".

Digne-se Maria Imaculada preservar-vos de tal ingratidão e de tal loucura, obtendo-nos a graça de a imitar sempre em sua modéstia, em sua pureza incomparável, em sua ardente caridade!

Destarte far-vos-eis amar por Deus: deste modo sereis objeto da estima daqueles cujas homenagens alguma coisa valem; porque, dentre todos os ornatos, a virtude é o mais belo, o menos dispendioso, além de que tem o inapreciável privilégio de andar sempre à moda.

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Maria Sempre!
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FONTE: MARCHAL, Padre. A mulher como deveria sê-lo. Livraria Internacional, 1872. Pg. 128-131.
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Sobre a obra:  Lêde-o e relêde-o com atenção e amiúde: se aqui não encontrais os atrativos de um enredo, as sedutoras emoções de um romance, recebereis salutares conselhos, dados por sábio e experiente mestre. Dando-vos  fala-vos o nutor com muita singeleza e simplicidade, pois, além de escrever só para vós, que, de ordinário, não gastais anos e anos na cultura das Ietras, entendeu, por certo, entendeu bem que, nestas matérias, é muitas vezes, preferível a linguagem simples e familiar às galas da elocução e lonçainhas do estilo. 
Padre Marchal