domingo, 26 de maio de 2019

ESTAMOS PRONTOS PARA O SACRIFÍCIO?

A imagem pode conter: árvore, céu e atividades ao ar livre

Estamos muito prontos para o sacrifício... Enquanto não chega o momento de o fazermos. A doença prostra-nos. Com a graça de Deus aceitamo-la bem, lá no íntimo do nosso coração, muito embora nos custe como é natural.

Depois vêm momentos de fervor; encanta-nos a ideia de sofrermos pelos nossos irmãos no Senhor, de sofrermos "o que faltou à Paixão de Cristo".

E por vezes chegamos até a pensar que não nos custaria nada dar a própria vida em holocausto, por esse fim tão elevado. Mas, se a mão de Deus pesa um pouco mais sobre nós, lá vem o desalento, como uma nuvem num céu azul, toldar o horizonte...

E se Ele nos falta, se Ele se esconde... Lá se vão as últimas ilusões, como as andorinhas no outono. E então sentimo-nos de todo sós, em contato com a nossa fraqueza, a reconhecer a nossa miséria, contato e reconhecimento bem dolorosos para o nosso amor próprio, mas bem salutares para a nossa alma, porque quanto mais virmos que não somos nada, tanto melhor reconheceremos quanto precisamos dAquele que é tudo.
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Não é certo que nos momentos de fervor sensível, de consolações espirituais, dizemos muitas vezes: Senhor! Tudo o que Vós quiserdes... Faça-se a Vossa Vontade...? É que sucede que a Sua Vontade coincide com a nossa.


Mas se Ele quer de nós o que custa à natureza, se Ele nos pede renúncias difíceis... Então já nos parece que o Senhor mudou... De modo que o que nós, em realidade, amávamos não era a vontade do Senhor pura e simples, mas a nossa...

Quantas vezes permite o Senhor esses esfriamentos e estas quedas para que palpemos o que somos e para que reconheçamos... O que não somos.

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Maria Sempre!
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FONTE: VASCONCELOS, Dom Bernardo de. A missa e  a vida interior. São Paulo: Cultor de livros, 2015. Pg.64-65.
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Sobre o autor: Bernardo Vaz Loo Teixeira de Vasconcelos (1902 - 1932) foi um monge beneditino português. Estudou na Universidade de Coimbra, e em 1924 entrou para a Ordem de São Bento.
Depois de sofrer por seis anos de forte tuberculose, morreu aos 30 anos, deixando um grande testemunho de santidade. Em 1983 foi aberto o seu processo de beatificação e canonização. 

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