O coração humano é abismo insondável. Nada o satisfaz na terra. A Escritura o compara às profundezas do oceano – Abyssum, et cor hominum investigavit (Ecle 42, 18). Esse coração busca a felicidade e nunca, ainda que lhe deem tudo que deseja e a que aspira, e tudo que é desejável e possível neste mundo, nunca estará satisfeito. Há de gemer como Salomão:
“Vaidade das vaidades, tudo é vaidade” – Vanitas vanitatum et omnia vanitas
“Há um momento, diz Lacordaire – em que as potências todas do homem, saciadas, dão-lhe a invencível certeza do Nadado universo”.
Esse universo tão grande, sombra do infinito, caindo num coração que não tem espaço, perde nele o seu próprio espaço. É a razão dessa imensa e profunda melancolia que invade, por vezes, os corações nobres. Melancolia que faz chorar nos festins e nos triunfos mais brilhantes, no apogeu da glória humana, na saciedade de todo prazer terrestre. Era à consideração da fragilidade de todas as coisas, do nada de tudo que não é Deus, que Agostinho, sondando as profundezas de seu coração, exclama:
“Senhor, há de andar sempre inquieto nosso coração até que descanse em Vós” – Inquietum est cor nostrum, Domine, donec requiescat in Te!
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Maria Sempre!
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FONTE: BRANDÃO, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 381.
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Sobre a obra: O Breviário da Confiança varia de página a página, porque variadas são as dores e amarguras desta pobre vida [...] É uma palavrinha amiga para cada dia, uma gota de bálsamo para feridas que a vida nos vai abrindo também cada dia no pobre coração.
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