quarta-feira, 28 de agosto de 2019

DEVEMOS CONSIDERAR TUDO O QUE ACONTECE EM ORDEM A SALVAÇÃO COMO VINDO DE DEUS


1 - Todas as nossas inquietações provêem de considerarmos tudo o que nos acontece de desagradável como procedido ou de ordem da natureza ou da maldade dos homens, e não como procedido dos imperscrutáveis, mas sempre paternais desígnios da Divina Providência.

2 - Disse Jesus Cristo (e isto é de fé) que nem um cabelo cairá da nossa cabeça sem a vontade do nosso Pai celeste. Toda a raiva da malvadez, até mesmo a dos demônios, não pode de modo nenhum fazer-nos mal, se Deus o não permittir. É verdade que Deus não quer nem pode querer o pecado, mas quer o dano que para nós resulta do pecado que outrem cometeu contra a lei divina. Não quer, por exemplo, o roubo; mas quer que sintamos o dano que nos causa o roubo. Por isso Jó não atribuía as desgraças que o oprimiam nem aos Chaldeos, nem ao fogo, nem ao demônio: atribuía-as à divina vontade, porque não olhava para a vara que o açoitava, mas sim para a divina mão que dela se servia para açoitá-lo. Exclamava portan­to: Aconteceu o que aprouve ao Senhor; bendito seja!

3 - Olhai, portanto, para tudo o que acontece neste mundo, em ordem à vossa salvação, como procedendo de Deus; e ainda que sejam coisas que vos incomodem, prejudiquem ou humilhem persuadir-vos que o Pai Celeste, que em tudo deseja o bem dos seus filhos, as permitiu para que vos sejam proveitosas. Manda-vos tribulações; como o médico ordena um saudável remédio, por mais amargo ou desagradável que seja ao doente, com o único fim de curar a sua doença. A mais sublime santidade consiste nesta íntima persuasão e nesta resignação perfeita ; pois, como diz S. Jerônimo, deste modo nos unimos da maneira mais íntima com Deus, que é o Sumo Bem, não tendo com Ele senão uma e mesma vontade.

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Maria Sempre! 
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FONTE : QUADRUPANI, Rev. Padre. Direção para viver cristãmente, Editora Salesiana. São Paulo, 1905. Pg. 125 - 128.

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Sobre a obra: As ações já boas de si mesmas, diz Santo Agostinho, tornam-se tanto mais virtuosas e dignas de elogio, quanto melhor forem coordenadas; porque sem ordem não há virtude. É por isso que vos apresentamos uma regra de vida, que abrange todos os deveres do homem para com Deus, para com seus semelhantes e para consigo mesmo. Lembrai-vos, porém, de que estas regras de proceder, dispostas para vossa direção, não obrigam sob pena do pecado, nem ainda venial; vede nelas uma direção e não um preceito. As cadeias são para os escravos, e não para os filhos de Deus; estes não conhecem outras prisões que as do amor e da Vontade Divina. Não é pelo temor dos castigos, mas pelo seu amor, que um filho afetuoso e reconhecido atrai as complacências de seu bom pai.
Rev . Padre Quadrupani

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