quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

DAS GRANDEZAS DA MÃE DE DEUS


O Servo - Quaisquer sentimentos que de Vós procedam, ó Virgem Santa, não se compararão jamais às vossas grandezas, que muito acima se acham de todas as nossas concepções. Para que de vós dignamente se fale, fora necessário compreender o que há de maior aos pés de Deus, em graças, em perfeições, em poder e em glória! "De vós é que nasceu Jesus!". Se o Evangelho, ao nos ensinar esta verdade, não se estende em demasia acerca dos vossos louvores, é porque essas palavras bastam para fundamento de todos os elogios que vos possam tecer. "De vós, Senhora, nasceu Jesus!". A vossa dignidade de mãe de Deus não é nada menos que uma espécie de afinidade com o soberano Ser. O efeito da maternidade divina é aproximar-se o mais possível da Divindade. Essa dignidade fez que contratásseis com Deus uma aliança singular em virtude da qual vos tornastes Filha do Eterno Pai, a Mãe do Filho e a Esposa do Espírito Santo, por uma admirável maneira somente própria de Vós. Em virtude dessa aliança sois em verdade a Rainha do Universo e a Rainha dos Céus! Dizer que "Jesus nasceu de Maria" quer dizer que Maria acima dela só vê Deus. Ó Virgem Mãe, o Anjo que ultrapasse os outros Anjos em graças e perfeições não poderá estar acima do plano dos vossos servos, tamanha a distância entre Vós e os Anjos!

Eu meço a vossa grandeza pela grandeza do vosso Filho, a refletir-se necessariamente sobre Vós mesma. Conhece-se a Mãe pela excelência do Filho. Compreendo sem esforço que a augusta qualidade de Mãe de Deus é a fonte das graças de que Deus vos acoberta, de todas as prerrogativas com que Deus se apraz em distinguir-vos. Em virtude ainda dessa qualidade, exerceis uma espécie de domínio sobre todos os tesouros das graças que Jesus distribui, bem como adquiristes  absoluto Poder junto ao Filho de Deus.

Compreendo como certas leis gerais, que são punições do pecado original, não tenham cabimento em se tratando da "Mãe de Deus". Porquanto, a amabilíssima Mãe do meu Deus fora expressamente eleita para essa altíssima prerrogativa.

E mais, entendo agora que, pelo fato de terdes dado a Deus aquela Vida pela qual fomos resgatados, bem mereceis o título de "Mediadora da Salvação", sem sacrifício, todavia, da qualidade de "única" mediação, no seu sentido próprio.

Como, porém, entender toda a eminência de vossa dignidade? Ai! É tudo tão grande em se tratando da Mãe de Deus que os próprios Serafins se contentam em admirá-la. Vós mesma, Senhora, em poucas palavras resumistes em casa de vossa prima Isabel tudo o que Deus vos fizera: "O Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor" (Do Magnificat).

E a Igreja, apesar do amor que vos dedica e do zelo pela vossa glória, constrangida está a confessar quando considera que "em vosso seio trouxeste o que os céus não podem conter, que não sabe que expressões empregue para publicar os vossos louvores" (Do Ofício Divino).

Oh! Mãe sublime do meu Deus, em vossa presença, até o funda da alma me vibra a mais profunda admiração!

Em face das grandezas que considero em Vós, Senhora, presa me sinto de um temor sagrado e de um respeito que me curva, aniquilado, aos vossos pés!

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Maria Sempre!
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FONTE: Religioso Anônimo. Imitação de Maria. Cultor de livros, 2014. Pg. 333-335.
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Sobre a obra: Imitação de Maria foi escrita por um Cônego Premonstratense da Abadia de Marchtal, na Baviera. O manuscrito, do qual não consta o nome do autor, foi encontrado pelo Cônego Sebastião Sailer, da mesma Abadia, e publicado em 1764. A segunda edição latina apareceu em 1768. Nela declara o Cônego Sailer que juntou várias adições ou ampliações à primeira edição de 1764. Igualmente promete publicar a tradução alemã do livrinho, o que fez em 1769. Novas edições datam de 1772 e de 1787. 
Outra tradução da edição de 1764 apareceu em Colônia em 1773. Uma terceira tradução foi feita por Michael Schullere e publicada por Fred. Pustet em 1876 e em 1881. A tradução francesa apareceu em 1876, a espanhola em 1885, a flamenga em 1896. Nos Estados Unidos foi publicada uma tradução inglesa nos Annals of St. Joseph. No Brasil, a 1ª edição saiu a lume em 1934 e a 3ª, em 1949. 
O título original é: "Kempensis Marianus sive Libellus de Imitatione Mariae Virginis et Matris Dei". 
Cônego Guilherme  Adriaansen, O. Prem.

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