quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

UNS CONSELHOS OPORTUNOS


–Levantar cedo – é hábito precioso, indispensável à mãe de família. Procura-lhe a vantagem de ter muito tempo de folga antes do almoço para seus exercícios de piedade, para percorrer a casa, a ver se está tudo em ordem, se foram bem executadas suas ordens da véspera. Dá-lhe tempo para assear e vestir os filhos, repartir os trabalhos e tomar todas as providências necessárias.

–Seguir uma economia discreta – encanta o marido e educa os filhos e conserva as coisas. Partidária de tal economia, a mãe de família nada deixa perder, nada estraga; conserta, remenda, aproveita, zela, arrecada, guarda em boa ordem tudo, de modo que, quando é preciso, tem à mão o que quer, sem perder tempo e paciência em procuras inúteis.

Ela sabe que tudo tem serventia, e que não se deve desperdiçar a menor parcela do dom de Deus, como diz a Escritura (Eclo 14,14). Sabe que pequenas despesas inúteis fazem, afinal, a ruína e que vintens poupados dão, ao cabo de algum tempo, centenas de mil réis. Assim, por seu trabalho e economia, aumenta, como abelha solícita, os recursos da família, e até vale ao marido nos dias de maior apuro, não faltando aos pobres de quem é a providência visível.

Todos a louvam por trazer tudo em casa muito poupado, em grande ordem, asseio e lustre, evitando luxos e vaidades, contentando-se de modesta simplicidade, de forma a ser o menos onerosa possível a seu marido.

Infelizmente não imitam todas este seu exemplo. O gosto do luxo, das despesas supérfluas como as modas e enfeites, abre o abismo da ruína para muitas casas. Os maridos não têm coragem de resistir a importunas solicitações e se endividam. Endividado, que sossego, que alegria, que gosto mais podem ter? De que serve este luxo e esta vaidade, ó mulher frívola?

“Se ostentas em ouro aos olhos de teu marido, diz São João Crisóstomo, enquanto o coração dele está magoado, que fruto, que vantagens tiras tu daí? Encontre-se a mulher primorosamente vestida e mais ornada, ninguém nisso achará prazer, se tem o coração na aflição e na tristeza. Para nos regozijarmos com uma coisa, é mister estar alegre, é mister ter o coração contente. Ora, se todo o dinheiro é despendido em enfeitar o corpo da mulher, haverá vexame e penúria em casa e o marido não poderá saborear nem alegria nem satisfação.

Se queres agradar ao teu, esmera-te em dar-lhe gosto e lho darás, cortando enfeites supérfluos. Estas coisas parecem dar algum gosto nos primeiros dias das bodas, mas, pouco tempo depois, tornam-se sensaborosas e sem valia… Eu digo isto, conclue o santo doutor, porque desejo que vos enfeiteis com os adereços que São Paulo vos recomenda: Não com adereços de ouro, nem com pérolas, nem com vestidos suntuosos; mas com boas ações, como convém a senhoras que fazem profissão de piedade“.

– Ter o diário das despesas – Vários desarranjos e complicações evitam-se com isso. O diário informa a dona de casa sobre o estado financeiro da família, para trazer sempre em equilíbrio a receita com a despesa, ver os lucros realizáveis, evitar gastos inúteis e satisfazer assim as condições de uma boa e inteligente administração.

Fénelon propõe com muita sabedoria que as mães acostumem cedo as filhas a este bom governo doméstico. Observa que a prova de confiança com que as honra, encarregando-as de alguma coisa com a condição de prestar contas, lhe dá grandes estímulos e gostos.

Até aqui fala d. Macedo Costa, livremente citado no seu Livro da família…

Para tua orientação, leitora, divide tuas contas da seguinte forma:

Habitação – aluguel, consertos e enfeites.

Mobílias – compras indispensáveis, reparos necessários.

Alimentação – é um capítulo elástico, mas seria cálculo errado diminuí-la com sacrifício da saúde e bem estar dos filhos.

Vestidos – cuidado com as compras, com a conservação, limpeza e reforma das peças dos vestidos, etc.

Educação – escolas, divertimentos, obras de caridade.

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Maria Sempre!
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FONTE:ALVES, Padre Geraldo Pires de Souza. As três chamas do lar, São Paulo, 1958, pp. 304-307.

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Sobre a obra: 

Leitora, aceita este livro com mais este título para teu coração. Se alguém divergir de minhas ideias, não me condene por isso. Tome-se o tempo de refletir um pouco sobre elas. Nem sempre as ideias são como flores que encantam. Às vezes são como nozes, ásperas, mas só por fora. Vai também intercalada a encíclica do Santo Padre Pio XI, dirigida aos casados. Na maioria dos casos forma uma conclusão ao capítulo que a precede. Na Terceira Parte, extraídos do livro do P. Bethléem e livremente citados, seguem-se alguns trechos utilíssimos para a educadora. Vários assuntos de importância não puderam ser tratados. Pois, resumidos, pouco diriam e, desenvolvidos, aumentariam por demais o volume do livro. Grato serei a quem me expuser suas observações a respeito do que leu nestas páginas. Destina-se ao amparo das vocações de missionários redentoristas a renda desta publicação. As almas generosas este motivo dirá muito, convertendo-as em propagandistas do livro.

São Paulo, 18 de julho (festa da mãe e mártir santa Sinforosa) de 1938.

O Autor.

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