sexta-feira, 24 de abril de 2020

A VAIDADE


A vaidade... Se possível fora extirpar tal paixão do coração da mulher, ficaria logo um anjo. Basta refletirmos um pouco para nos convencermos que todos os pequenos vícios da mulher e a maior parte de seus pecados, provêm desta fonte envenenada. Apenas a vaidade se apoderou de seu coração e a domina, fica sendo um ser muito dispendioso e completamente inútil.

Convenho em que a mulher, em certas ocasiões, se vista, se atavie mesmo por forma a ficar aceiada, a realçar até, se possível for, todas as glórias que a Deus aprouve derramar na pessoa, contanto que sempre se proponha um fim legítimo, e não ultrapasse os limites de uma decência, verdadeiramente cristã. Muitas vezes uma parte de sua missão consiste em agradar, e seria tentar um impossível querer impedi-la de comprazer-se em suas graças. Mas falo da mulher mundana que a vaidade domina, que não contente de ser bela e de saber que o é, quer à força de artifícios e despezas, parecer a mais bela.

Que direi ainda? A mulher mundana que não tem outro cuidado mais que o de gozar e fazer-se admirar, é uma mulher que perdeu o respeito de Cristo a mais bela das memórias, a memória do coração. É uma deusa que, sem o saber, diz a Deus em seus atavios: "Senhor, dizem que sois surpreendente em beleza, mas ninguém vos vê nem palpa. Eu também tenho encantos, e os meus encantos são visíveis. Permiti que os homens vos esqueçam, para contemplar-me, ofendendo-vos, para admirar-me em um culpável êxtase; porque eu, Senhor, também gosto muito do incenso". É uma escrava forra que se apresenta como rival de Deus, para roubar-lhe as adorações que só a ele se devem; e que o ultraja assim pela nudez de seus ombros, como pela altivez de seu olhar.

(...)Mulheres cristãs, minha alma comovida ao recordar-se do que tem visto, exclama como um grande bispo: "Por quem sois, não lanceis aos pés de Satanás as coroas que o Cristo vos conquistou".

Digne-se Maria Imaculada preservar-vos de tal ingratidão e de tal loucura, obtendo-nos a graça de a imitar sempre em sua modéstia, em sua pureza incomparável, em sua ardente caridade!

Destarte far-vos-eis amar por Deus: deste modo sereis objeto da estima daqueles cujas homenagens alguma coisa valem; porque, dentre todos os ornatos, a virtude é o mais belo, o menos dispendioso, além de que tem o inapreciável privilégio de andar sempre à moda.

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Maria Sempre!
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FONTE: MARCHAL, Padre. A mulher como deveria sê-lo. Livraria Internacional, 1872. Pg. 128-131.
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Sobre a obra:  Lêde-o e relêde-o com atenção e amiúde: se aqui não encontrais os atrativos de um enredo, as sedutoras emoções de um romance, recebereis salutares conselhos, dados por sábio e experiente mestre. Dando-vos  fala-vos o nutor com muita singeleza e simplicidade, pois, além de escrever só para vós, que, de ordinário, não gastais anos e anos na cultura das Ietras, entendeu, por certo, entendeu bem que, nestas matérias, é muitas vezes, preferível a linguagem simples e familiar às galas da elocução e lonçainhas do estilo. 
Padre Marchal 

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