terça-feira, 5 de janeiro de 2021

EDUCAÇÃO DO SENSO RELIGIOSO PARA CRIANÇAS - O DEMÔNIO



As crianças muitas vezes pensam que o demônio é um personagem imaginário. Mas ele não é um mito. Ele realmente existe e constantemente busca nos afastar de Deus.

Então, como devemos conversar com os nossos filhos sobre o inferno, sobre os demônios, apresentando a religião na sua luz verdadeira?

Vejamos o que o Pe. G. Courtois nos orienta através de seus escritos:

Será preciso, um dia, falar do demônio, pois é uma triste realidade. Mas, atenção, nada de dramatizar! Evitemos as imagens medievais ou as representações terrificantes de diabos com chifres, pés de cabra e caldeiras ferventes. Com isso, arriscar-nos-íamos simplesmente a falsear para sempre o equilíbrio do senso religioso da criança. Certo, o inferno eterno é uma verdade: Nosso Senhor afirmou-o com veemência no Evangelho. Mas, evitemos os pormenores que não se baseiam em qualquer fundamento, e que só servem para impressionar a imaginação, ao ponto de criar, em algumas crianças, verdadeiras fobias que se traduzirão, na puberdade, por crises de escrúpulos. Evitemos, sobretudo, ameaçar com o inferno as crianças por simples pecadilhos. Apresentemos a religião na sua luz verdadeira: uma calorosa vida de amizade com Deus que nos ama e nos chama a uma esplêndida obra de amor, cada um de nós tendo o dever insubstituível e a forma de serviço que somente Ele pode dar no grande conjunto cuja harmonia veremos à luz da eternidade.

Quando a criança crescer, é preciso não hesitar em dar-lhe o sentido da comunidade cristã de que faz parte. Contar-lhe a história dos apóstolos, dos mártires e dos santos; a bela história, também, das missões. Falar-lhe do Soberano Pontífice, do Bispo, e lhe inspirar pelo exemplo e pela palavra, em relação aos padres, um grande respeito pelo seu ministério sagrado.

Mostremos igualmente, por fatos e exemplos, como a fé cristã enobrece o ser humano: grandes homens, sábios, heróis cristãos.

Inspirar à criança o orgulho de seu título de batizada, sem desprezo algum, é claro, pelas que não o são. Mas ensinar-lhe que pode, pela oração, pelo sacrifício e pela oferenda de suas menores ações, exercer uma influência feliz sobre o mundo inteiro: “Senhor, fazei com que todo o mundo vos ame!”.

Advertir a criança de que não se espante se vir sombras, contradições, horas difíceis na história da Igreja. A barca de Pedro é frequentemente assaltada pela tempestade. Perseguições e abandonos foram, aliás, preditos. Mas o Cristo é o eterno Vencedor, é Ele que terá a última palavra.

Além de uma fé pessoal tão ardente e luminosa quanto possível, munir a criança de uma boa bagagem de respostas apologéticas que lhe servirão de arma para qualquer ocasião. Porque a criança que não sabe responder a uma objeção corre o risco de adquirir um complexo de inferioridade que, segundo os temperamentos, poderá agir em contrário sobre o sentimento do valor de sua religião. Sugerir-lhe, no caso em que não possa responder de imediato, que peça ao interlocutor para escrever a objeção formulada, a fim de que se informe a respeito com alguém de maior competência.

Vossos filhos não estão ainda, talvez, na idade de seguir todos os mandamentos de “gestos cristãos”; não estão ainda obrigados, pela idade, à abstinência, à missa dominical, à comunhão pascal; mas, ter-lhes-eis dado as bases fundamentais da religião interior, sem a qual a outra do pouco vale: a alma de vossos filhos já está conquistada, no íntimo, pelo Cristo; só lhes resta, à medida que progredirem, desenvolver sua religião pelo exercício exterior sem essa má cicatriz que muitos cristãos conservam, separando a vida pessoal em cristianismo feito de lembrança.


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Maria Sempre!
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FONTE: COURTOIS, Pe Gaston. A arte de educar as crianças de hoje. Livraria Agir Editora, 5ª ed., 1964, p. 103-105.
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Sobre a obra: Este livrinho deve mais ainda à observação do comportamento dos pais relativamente aos filhos, à verificação de múltiplos erros de que os filhos, e também os pais, são vítimas frequentes. Este livro se apresenta, pois, sob a forma de pequenos conselhos, cujo mérito outro não é senão o de terem sido experimentados positiva e negativamente por numerosas famílias pertencentes aos mais diversos meios.

Pe. G.Courtois


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