terça-feira, 26 de março de 2019

DAS VISITAS

Imagem relacionada

O exemplo de Maria, na visita à sua prima Isabel, há de ser o modelo de nossa conduta na sociedade.

Apesar de ser a Mãe de Deus, a humilde Virgem não espera que Isabel a previna, condenando assim a falsa delicadeza de tantas pessoas, as quais, estão sempre a disputar a precedência ou superioridade em relação a outras.

Mas, qual o motivo que teria levado Maria a visitar a prima? Só poderia ter sido de religião, bem diferente da maior parte dos motivos de visitas observadas no mundo entre os quais preponderam a vaidade, a curiosidade e amor próprio. As criaturas virtuosas são sempre, nas visitas que fazem, só tidas pelos olhos do mundo como deveres sociais, movidas antes pelas virtudes.

Os passos de Maria são dirigidos pela caridade, pela piedade e para a glória de Deus!

A casa onde vai é uma casa onde Deus é servido e amado. O objetivo de sua visita é levar as suas felicitações à prima pelas graças concedidas por Deus, conforme as instruções trazidas pelo Anjo. Vai visitá-la na intenção de lhe ser útil e de ainda mais estreitar os laços daquela santa união. A piedade não se opõe a que cumpramos os deveres da vida civil, senão que no-los santifica por meio de sentimentos cristãos.

Por isso que procura aproveitar todos os momentos, Maria se abstém tanto quanto possível de quaisquer relações inúteis e visitas de simples passatempo. As visitas que as pessoas piedosas se comprazem em fazer são aquelas nas quais encontrem de que se edificar, edificando igualmente aos outros.

Qualquer visita fora desse princípio, a elas desagrada, porque a virtude só se alegra junto da virtude. Qualquer outra visita fora desse princípio acaba por fatigá-las, porque sempre se sofre quando se está fora do seu elemento. Os santos se valeram das ações aparentemente as mais indiferentes para, por meio delas, glorifiquem a Deus, servindo ao próximo edificando-o e a si mesmos aperfeiçoando-se a virtude. Se os imitássemos, e se uns aos outros nos visitássemos com o mesmo espírito que eles, quantos frutos teríamos colhido no trato cotidiano, nesses chamados deveres de sociedade! Deles tomaríamos doçuras mil que as pessoas do século ignoram, ao mesmo tempo em que mutuamente nos estimularíamos para a prática das virtudes. Dali sairíamos, não já com esse vácuo que deixam no coração as aborrecidas visitas do mundo, senão antes com o coração repleto desse santo contentamento, que é o prêmio das pessoas de bem.

Alma cristã, põe sempre diante dos teus olhos o modelo que acaba de ser traçado. Imita Maria, ama ficar na solidão e não procures fazer relações ou as manter senão com pessoas virtuosas. Não procures senão glorificar a Deus, edificando o próximo, como fez Maria; e das relações que fores obrigada a manter com as criaturas, retira o máximo proveito para a glória de Deus e a tua santificação.
***
Maria Sempre!
***

FONTE: Religioso Anônimo. Imitação de Maria. Cultor de livros, 2014. Pg. 93-95.
_________________________________________________________________________________
Sobre a obra: Imitação de Maria foi escrita por um Cônego Premonstratense da Abadia de Marchtal, na Baviera. O manuscrito, do qual não consta o nome do autor, foi encontrado pelo Cônego Sebastião Sailer, da mesma Abadia, e publicado em 1764. A segunda edição latina apareceu em 1768. Nela declara o Cônego Sailer que juntou várias adições ou ampliações à primeira edição de 1764. Igualmente promete publicar a tradução alemã do livrinho, o que fez em 1769. Novas edições datam de 1772 e de 1787. 
Outra tradução da edição de 1764 apareceu em Colônia em 1773. Uma terceira tradução foi feita por Michael Schullere e publicada por Fred. Pustet em 1876 e em 1881. A tradução francesa apareceu em 1876, a espanhola em 1885, a flamenga em 1896. Nos Estados Unidos foi publicada uma tradução inglesa nos Annals of St. Joseph. No Brasil, a 1ª edição saiu a lume em 1934 e a 3ª, em 1949. 
O título original é: "Kempensis Marianus sive Libellus de Imitatione Mariae Virginis et Matris Dei". 
Cônego Guilherme  Adriaansen, O. Prem.




Nenhum comentário:

Postar um comentário