terça-feira, 19 de março de 2019

PRIVILÉGIOS E PERFEIÇÕES DE SÃO JOSÉ

Atribuem ao Santo Esposo de Maria privilégios e perfeições que na verdade dificilmente podem ser contestados. Alguns têm mesmo sólidos fundamentos. Ei-los:

1.° — Santificação no seio materno.
2.° — Impecabilidade.
3.° — Virgindade perpétua.
4.° — Ressurreição.


SANTIFICAÇÃO NO SEIO MATERNO

A santificação de São José no seio materno foi defendida pela primeira vez pelo célebre Gerson, o sábio chanceler da Universidade de Paris. Esta prerrogativa foi possuída pelo Profeta Jeremias e S. João Batista.

Daquele se lê na Escritura:

Anteqnem exires de vulva sanctificavi te – “Antes de saíres do seio de tua mãe eu te santifiquei” (Jr 1, 5).

E de João Batista diz o Evangelho:

Spiritu Sancto replebitur adhuc ex utero matris suae – “Será cheio do Espírito Santo desde o seio de sua mãe” (Lc 1, 15).

Ora, José maior que João Batista pela união com Cristo, e incontestavelmente mais santo é maior que Jeremias, não teria o privilégio da santificação no seio materno?

Gerson defende a sua tese ante a venerável assembleia do Concilio de Constança, e não poucos autores o seguem depois: Santo Afonso de Ligório aceita e defende esta opinião e bem assim Isolano, Cartagena, Bernardino de Bustes e muitos outros teólogos e santos.

IMPECABILIDADE

Outro privilégio é o da impecabilidade. São José foi confirmado em graça de tal modo que pode evitar todo pecado, até o venial!

José, diz o Cardial Lepicier, nunca manchou a sua alma com a mais leve sombra de pecado em toda a sua vida mortal.

Todos os Autores em geral admitem sem contestação a impecabilidade de São José.

Jesus é santo e impecável por natureza, cheio de graça, Deus absoluto e infinito. Maria é santa e impecável não por natureza absolutamente, mas por singular privilégio de Deus, como disse Pio IX, foi preservada do pecado original, em atenção aos méritos de Jesus Cristo. José é também santo e impecável pessoalmente, cheio de graça e confirmado em graça evitou todo pecado. Nunca manchou a candura de sua alma virginal e santíssima. Assim o exigiam o lugar que ocupou na Sagrada Família, as relações íntimas com Deus e com a Mãe de Deus.

VIRGINDADE PERPÉTUA

A virgindade perpétua é outra coroa de glória do santo Patriarca.

A Escritura nada fala da virgindade de São José, mas a Tradição nos guarda e garante esta opinião com segurança.

A Tradição teológica, escreve o Pe. Cantera, reprova todos os erros contra esta doutrina e afirma unanemente a Virgindade de São José, e hoje podemos afirmar que é uma verdade teologicamente certa, da qual não é lícito a nenhum cristão duvidar.

Santo Atanásio, São Jerônimo, Santo Agostinho, São Beda Venerável, Santo Tomás de Aquino, defendem com ardor e sólida argumentação, a virgindade perpétua de São José.

É célebre a resposta de São Jerônimo ao herege Helvídio:

Dizes, que Maria não ficou Virgem. Pois não só defendo e afirmo a Virgindade de Maria, como digo ainda mais: por Maria foi Virgem também São José.

RESSURREIÇÃO

Finalmente, um grande privilégio atribuído ao Santo Patriarca é o da Ressurreição.

Um corpo tão puro e virginal e santo como era o de São José, convinha estivesse reunido à alma no Céu, como esteve na terra. Depois de pago o tributo à morte e cumprida a lei que nos condena a morrer pelo pecado de Adão, convinha ao corpo de São José ressuscitar glorioso e triunfante.

José morreu nos braços de Jesus e Maria e foi sepultado piedosamente.
Diz São Mateus, que na morte de Jesus ressuscitaram mudos corpos de santos que haviam morrido.

E acrescenta que vieram à cidade e foram vistos por muitos. Santo Tomás afirma que os que ressuscitaram então não voltaram à sepultura, mas foram com Cristo ao Céu.

Pois entre os ressuscitados, segundo a opinião de muitos teólogos e exegetas, estava S. José. Knabenbauer observa que os que ressuscitaram na morte de Cristo não foram os justos antigos, desconhecidos do povo, mas os que haviam falecido havia pouco tempo, afim de que todos vissem e atestassem o prodígio e cressem na ressurreição de Cristo.

Ora, ninguém era mais conhecido que José. Não chamavam todos a Jesus: o filho do carpinteiro? Por isso, diz Suarez, é opinião comum e muito provável a ressurreição de S. José e a subida ao Céu em corpo e alma com Jesus Cristo.

Não há inconveniente algum em crer nesta opinião, embora não conste na Revelação, e não se possa afirmar com absoluta certeza, diz o sábio Pontífice Bento XIV.

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Maria Sempre! 
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FONTE: BRANDÃO, Pe. Ascânio. São José Escolas Profissionais Salesianas, 1943.

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Sobre a obra: Quisera escrever obra mais alentada e profunda sobre São José, ordenava já copioso material de muita leitura, quando me abriram as páginas das Leituras Católicas de Dom Bosco. Refleti. Não seria mais glorificado e conhecido do muitos, o santo Esposo de Maria, se em vez de volumoso tratado com pretensões de erudição, fosse popularizado, em leitura acessível e, numa síntese variada, tudo quanto desejava escrever para glória de São José? E não mais hesitei. Preferi o opúsculo, e escolhi o que hoje entre nós melhor se presta a uma ampla e eficaz propaganda: As Leituras Católicas de Dom Bosco. Eis a razão deste livrinho. Realize em seus milhares de leitores em todo o Brasil o ardente anelo de meu coração: incentivar uma grande e fervorosa devoção a São José.

Lede e meditai estas páginas. E, com elas vos dou aquela receita infalível de Santa Teresa para todos os males, do corpo e da alma:

Recorrei a São José!
Invocai a São José!
Amai a São José!

Pe. Ascânio Brandão

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