sábado, 30 de novembro de 2019

O TEMPO DO ADVENTO

A finalidade do Advento é preparar os fiéis para o grande acontecimento do Nascimento do Salvador.

Liturgicamente, além da memória do nascimento histórico de Jesus Cristo, o Advento significa outra dúplice vinda dEle: seu nascimento em nossas almas mediante a graça e sua vinda na consumação dos tempos para julgar toda a humanidade. Assim considerado, o Advento representa os tempos pré-messiânicos, durante os quais o povo de Deus esperava a sua libertação pelo Redentor vindouro; representa a misteriosa ação da graça que forma a nossa alma à imagem e semelhança de Cristo, inserindo-nos vitalmente nEle, como os membros do mesmo corpo à cabeça; e representa, finalmente, os séculos que devem passar até quando o Cristo virá em todo Seu poder para julgar os vivos e os mortos.

Os sentimentos que devem inspirar nossa piedade durante o Advento são:

Penitência, porque, segundo a pregação de João Batista, é necessário neste tempo sagrado que produzamos “frutos de verdadeira penitência (...)toda árvore que não produzir bons frutos será cortada e lançada ao fogo”[1].

Recolhimento interior, porque há “uma voz que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor”[2]: oras, para ouvir os acentos salutares desta voz, é necessário que, voltados à séria consideração de nossa vida, fechemos o ouvido ao barulho do mundo e, no silêncio da erudição, nas solenidades do culto, recolhamos os frutos do Espírito que nos fala das profundezas da alma;

Desejo ardente do Senhor, porque Ele é o “Sol nascente que resplandecerá do alto para (...) iluminar os que estão nas trevas, na sombra da morte, e guiar nossos passos no caminho da paz”[3].


A Igreja nos dá o exemplo: em sua liturgia se ouve um brado contínuo, intenso e crescente que invoca o Cristo, a Sabedoria do Altíssimo, que deve vir para ensinar o caminho da santidade; o Líder de Israel, que deve vir para libertar o seu povo; o Filho de Jessé, que deve abrir o cárcere tenebroso do pecado; o Rei das gentes, que deve fundar o Reino universal da caridade; o Emanuel, o Deus conosco, que deve vir a habitar com seus irmãos para elevá-los à dignidade de filhinhos de Deus, com a efusão de seu amor.

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Maria Sempre!
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FONTE:  CARONTI, Abade Emanuelle, O missal festivo para os fiéis, ed. LICE, Turin, 1932, pp. 73-74

[1] NdTª: Mateus, 3,8 e 10.
[2] NdTª: Mateus, 3,3.
[3] NdTª: Lucas, 1,78-79.

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Sobre o autor e a obra: 
Abade Emanuele Caronti, seu nome de nascimento Giuseppe Caronti. Nasceu em Subiaco, 21 de de Dezembro de 1882 e faleceu em 22 de de Julho de 1966.
Ele foi consagrado monge beneditino ao mosteiro de San Giuliano di Albaro em Gênova em 1897 e tornou-se doutor em teologia em 1907 no Pontifício Athenaeum Sant'Anselmo em Roma . Em 23 de maio de 1915, ele foi chamado para o exército e, como tenente-capelão militar, foi anexado ao 48º Batalhão Bersaglieri. Prisioneiro de guerra de 10.11.1917 a 4 11.1918 e depois levado ao campo de concentração. No final da guerra, ele recebeu a medalha de prata por Military Valor com esta motivação: Sempre presente onde o perigo era maior e a utilidade de seu trabalho maior, em momentos muito críticos em que o moral das tropas exigia um exemplo de incentivo, com atividade e desapego das dificuldades já sofridas, ajudando os feridos e enterrados. Constante exemplo de abnegação e coragem no cumprimento de seus deveres como sacerdote e soldado. Foi então abade do mosteiro de São João de Parma desde 1919 e depois abade geral da sublacense Congregação Beneditina de 1937 a 1959.

Nos anos trinta, após um período de pregação em Nardò, ele retornou à vida beneditina na Apúlia e se dedicou ao projeto da fundação do mosteiro de Noci, que, construído em 1930, foi consagrado em 1932 à Madonna della Scala .

Ele foi o primeiro diretor da revista litúrgica fundada em 1914, na qual escreveu que a liturgia devia ser um constante "protesto contra a natureza leiga e ateísta da era contemporânea", mas tornou-se conhecido pelo público em geral, acima de tudo, por ter editado por anos o Missal Romano.

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