sexta-feira, 15 de maio de 2020

É TÃO DIFÍCIL MUDAR


Ao longo da vida nos deparamos com a necessidade de transformar nossa história, seja através de pequenas ou grandes ações.

Esta decisão de mudança, muitas vezes é dolorosa, mas necessária.

E por que é tão difícil promover uma mudança em nossas vidas?

O livro Conselhos a uma recém-casada traz mais uma carta que irá  ajudá-la:

No dia em que conheci meu marido, ele estava dando uma palestra a um grupo de amigos em seu modesto apartamento, em Central Park West. O tema de sua fala era "a prontidão para mudança", o que também é o título do primeiro capítulo de sua grande obra, A nossa transformação em Cristo.

Não tenho palavras para descrever a impressão que aquela palestra me causou. Pela primeira vez em minha vida, descobri a chave para o progresso moral e espiritual: a prontidão para mudança. Saí da palestra em um estado de alegria e gratidão, que guardo na memória até hoje.

No entanto, a vida ainda viria me ensinar que ter a chave não é o mesmo que saber utilizá-la corretamente. De fato, quando passo em revista minha Vida, vejo que a falta de prontidão para a mudança prejudicou muito meu desenvolvimento espiritual.

Em certo sentido, nós todos somos um pouco "tias velhas" - pessoas que nunca se adaptaram a vida com os outros. Estabelecemos caminhos estreitos para nós mesmos e temos horror a mudança (além de uma paixão por modificar as outras pessoas). Conheço quem leve detalhes insignificantes tão a sério, que uma colher guardada na gaveta errada é capaz de provocar um terremoto.

Mesmo no casamento, quase sempre consideramos, implicitamente, o "nosso jeito" como o jeito correto. Quando desafiados a mudar, nossa primeira reação costuma ser: "Isso é problema meu" e, ou "Deixe-me em paz",  "Sou livre e tenho o direito de fazer as coisas como quiser". É estranho como é difícil para nós, pobre seres humanos, aceitar modificar mesmo pequenos detalhes. (Obviamente, refiro-me a mudanças para melhor. Jamais devemos ceder à vontade de nosso ser amado quando isso significar fazer o mal - o que não seria amor, mas simples fraqueza.)

É difícil para nós mudar para melhor, pois a prontidão para mudança demanda que lutemos contra nossa própria vontade. Essa é uma grande fonte de conflitos no casamento. Por mais que desejemos ser perfeitos, devemos reconhecer que amamos sobretudo a nossa própria vontade. Amamos a Deus - até certo ponto; amamos nosso marido - até certo ponto. Mas, como notou Kerkegaard, nosso mais puro amor costuma ser sempre a nossa própria vontade.

Há apenas uma coisa capaz de tornar as pessoas prontas para mudança: o amor. O amor é capaz de derreter o coração mais gélido, tornando-o fluido e maleável. Como é libertador sairmos da prisão em nós mesmos, lutando, por amor, com nossa própria vontade!  O amor torna doce a morte da minha vontade, embora talvez eu só consiga desfrutar desta doçura após um longo esforço.

Seu amor por seu [esposo] é imenso, assim como o dele por você. Por isso, não tenho dúvidas de que ambos estarão a altura do desafio do amor e em breve aprenderão a estar sempre prontos para mudar pelo bem de quem amam.

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Maria Sempre!
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FONTE: HILDEBRAND, Alice von. Conselhos a uma recém-casada. Rio de Janeiro: Petra, 2016. Pg.111-112. *Com adaptações do editorial do blog.
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Sobre a obra: Este livro faz enfim chegar, aos leitores brasileiros, as palavras de Alice von Hildebrand, uma das vozes femininas mais importantes de nosso tempo. Aqui, a célebre teóloga, especialista nos temas do amor, do matrimônio e da feminilidade, nos apresenta uma série de cartas cujo objetivo é ajudar sua afilhada a superar os obstáculos que costumam se apresentar na vida a dois, desde os maiores até os que parecem mais insignificantes. Com uma linguagem simples, mas ao mesmo tempo profunda e bela, Conselhos a uma recém-casada é leitura obrigatória para aprendermos a crescer no amor quando a lua de mel acaba. 
Petra Editora

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