sábado, 20 de março de 2021

DA CONFIANÇA EM DEUS


Meditaremos nas palavras do Padre Lorenzo Scupoli sobre algo que é de suma importância nestes tempos tão difíceis e que facilmente pode nos confundir a seu respeito: A confiança em Deus.

Ainda que a desconfiança de si seja importante e necessária neste combate, não deves socorrer-te somente desse meio, pois serias facilmente desarmada e vencida pelos teus inimigos. Por isso, é também necessária a total confiança em Deus, que é o autor de todo o bem, e de quem se deve unicamente esperar a vitória.

Porque, assim como de nós, que nada somos , não se pode esperar senão quedas, pelo que devemos sempre desconfiar de nossas forças, em contrapartida devemos sempre confiar no socorro e assistência divina para obter grandes vitórias sobre nossos inimigos.      

Também essa excelente virtude pode ser obtida de quatro modos:

O primeiro é pedi-la com humildade ao Senhor.

O segundo, considerar e ver com os olhos da fé a onipotência e sabedoria infinita daquele Ser soberano, a quem nada é impossível ou difícil (Lc 1,37) e que, por pura bondade e por seu infinito amor por nós, mostra-se pronto e disposto a conceder-nos a cada momento o que é preciso para a vida espiritual e para a inteira vitória sobre nós mesmos, se nos refugiamos em seus braços com filial confiança.

Este doce e gentil pastor, que por 33 anos correu atrás da ovelha perdida e sem rumo, chamando-a até perder a voz e ferindo-se nos espinhos até derramar todo o seu sangue para trazê-la de volta dos despenhadeiros e veredas perigosas para um caminho santo e seguro, da perdição à saúde, da ferida ao remédio, da morte à vida, como poderia ficar indiferente à ovelha que o segue na obediência aos seus santos preceitos, ou que ao menos tem o desejo sincero (ainda que imperfeito e fraco) de o fazer? Ele que, com tanto ardor e diligência, buscou a dracma perdida do evangelho, que é a figura do pecador, como poderia abandonar a quem, triste e aflito por não ver o seu pastor, o busca e o chama?

O terceiro meio para adquirir essa santa confiança é recordar verdades e oráculos infalíveis da Sagrada Escritura, que asseguram que os que esperam e confiam em Deus não serão jamais confundidos.

O quarto e último meio, que permite adquirir ao mesmo tempo a desconfiança de si e a confiança em Deus, consiste em, antes de começar qualquer coisa, seja uma boa obra ou o combate a uma paixão, ter em mente a própria fraqueza e invocar o poder, a sabedoria e a bondade infinita de Deus, determinando-se então a combater generosamente. Com essas armas, unidas à oração, serás capaz de realizar grandes feitos e vitórias.

Se, porém, não observares essa regra, ainda que pareças animada de uma verdadeira confiança em Deus, estarás enganada, porque é tão natural ao homem a própria presença, que insensivelmente se confundem a confiança que ele imagina ter em Deus e a confiança que, na verdade, tem em si mesmo.

Para te livrares dessa presunção, minha filha, e trabalhares sempre as duas virtudes que se opõem a este vicio, é necessário que a consideração da tua fraqueza ande junto com da onipotência divina.

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Maria Sempre!
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FONTE: PADRE, Lorenzo Scupoli : O Combate Espiritual, pág 13-15. Editora: Cultor de Livros, São Paulo, Ano da Edição: 2012

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Sobre a obraO combate espiritual, do Padre Lorenzo Scupoli, era lido por São Francisco de Sales, doutor da Igreja, que foi guia seguro de Dom Bosco na Obra Salesiana, e que muito recomendava a leitura dessa obra clássica de espiritualidade. É um livro para se busca a santidade. O autor mostra que não bastam os exercícios de piedade: orações, missas, penitências, comunhões, etc., que, embora necessários são apenas "meios" para se atingir a perfeição cristã. Ele mostra que "a santidade consiste no conhecimento da bondade e grandeza de Deus; na nossa renuncia (Lc 9,23) e no conhecimento da inclinação a toda espécie de mal; do amor por Deus e submissão não só a Ele, mas a toda a criatura por causa dEle; da renuncia total à nossa vontade, da total resignação à Providência e do fazer tudo pela glória de Deus e pelo puro desejo de agradá-lo. Quem aspira à perfeição da santidade, deve agir com "violência" contra si mesmo. Mas o autor garante "que, sendo esta guerra a mais difícil de todas (já que nós mesmo é que somos combatidos), também a vitória é a mais agradável a Deus e a mais gloriosa ao vencedor".

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